Primeiro-ministro ucraniano acusa Rússia de querer III Guerra Mundial

Merkel manifestou "profunda preocupação" a Putin. Ministro russo da Defesa disponível para conversações “imparciais e construtivas”. Obama fala com aliados europeus sobre possíveis sanções.

Foto
Iatseniouk pediu unidade internacional contra a Rússia Andrew Kravchenko/Reuters

O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Iatseniouk, acusou a Rússia de querer lançar “uma terceira guerra mundial” e apelou à comunidade internacional para “se unir contra a agressão”.

“As tentativas de agressão do exército russo sobre o território ucraniano levarão a um conflito no território da Europa. O mundo não esqueceu a II Guerra Mundial e a Rússia quer lançar uma terceira”, disse numa reunião do conselho de ministros”.

“O apoio da Rússia aos terroristas da Ucrânia é um crime internacional e apelamos à comunidade internacional para se unir contra a agressão russa”, disse Iatseniouk

As tropas russas que estão a fazer exercícios junto à Ucrânia aproximaram-se até um quilómetro da fronteira mas não a ultrapassaram, segundo o ministro ucraniano da Defesa, citado pela agência Interfax-Ucrânia.

Depois de, na quinta-feira, forças ucranianas terem avançado sobre posições de grupos pró-russos que ocupam cidades no Leste do país, e de notícias sobre a morte de “até cinco” separatistas, perto da cidade de Slaviansk, a Rússia iniciou manobras militares junto à fronteira, depois de o Presidente Vladimir Putin ter dito que a acção do governo de Kiev terá “consequências”.

Mais tarde, a Ucrânia pediu à Rússia para, no âmbito dos acordos da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), explicar – no prazo  de  48 horas – as movimentações militares fronteiriças.

Já esta sexta-feira, Merkel manifestou telefonicamente a Putin, sua “grande preocupação”. A chanceler “disse esperar do governo russo que manifeste claramente a sua aprovação do acordo de Genebra e que se empenhe na sua aplicação”, disse o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.

O acordo de Genebra, estabelecido na semana passada entre a Rússia, EUA, União Europeia e Ucrânia prevê o desarmamento de “todos os grupos ilegais” que actuam na Ucrânia e a desocupação de edifícios públicos tomados por pró-russos.

O ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, manifestou entretanto disponibilidade para conversações “imparciais e construtivas” com os EUA para estabilizar a situação na Ucrânia.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, voltara antes a acusar a Rússia de “desestabilização” do Leste da Ucrânia e fontes norte-americanas citadas pela Reuters disseram que o Presidente dos EUA, em viagem na Ásia, deverá falar esta sexta-feira com vários líderes europeus sobre a possibilidade de sanções contra a Rússia. Barack Obama estará, segundo os mesmos informadores que não são identificados, frustrado com a relutância de alguns países, designadamente Alemanha e Itália.

O Presidente dos EUA poderá discutir o assunto com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, o Presidente francês, François Hollande, a chanceler alemã e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi.

Um responsável ucraniano disse que o avanço militar de quinta-feira se destinou a bloquear Slaviansk e a impedir o envio de reforços para os separatistas pró-russos que controlam a cidade.  Já esta sexta-feira, o governo de Kiev anunciou que um helicóptero militar foi atingido no solo por disparos de um lança-foguetes e se incendiou, provocando ferimentos no piloto, num aeródromo de Kramatorsk, perto de Slaviansk. Residentes na zona disseram ter ouvido tiros e três explosões.

Sugerir correcção
Comentar