Licor Beirão: impostos sobre o álcool vão diminuir investimento em Portugal

Empresa da Lousã diz que medida confirmada por Paulo Portas enfraquece mercado nacional.

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Licor Beirão vende 75% da produção em Portugal Fernando Veludo

Utilizar a tributação sobre o álcool e o tabaco para ajudar a equilibrar as contas da saúde, como foi confirmado segunda-feira pelo vice-primeiro ministro Paulo Portas, só vai enfraquecer o mercado nacional e afastar o investimento das empresas para o estrangeiro. Quem o afirma é Daniel Redondo, director comercial e de marketing da Licor Beirão, que aponta o dedo aos aumentos sucessivos de impostos sobre as bebidas espirituosas, discriminadas face a outros produtos do sector agro-alimentar.

“Têm sido muito prejudicadas desde a entrada da troika. Desde 2011, o imposto aumentou 21%. É a nossa matéria-prima a subir de valor de forma exponencial e não conseguimos reflecti-lo no preço ao consumidor”, afirmou ao PÚBLICO, acrescentando que os portugueses não têm poder de compra.

Daniel Redondo sublinha que um dos maiores problemas desta medida é provocar uma diminuição dos investimentos das empresas. “Se a meio do ano nos dizem que os impostos vão subir, como é lógico o que fazemos é pegar no investimento publicitário e ir para outros mercados estrangeiros. Se as bebidas vão ser mais dispendiosas num país com poder de compra a estagnar, temos de ponderar”, lamenta.

Sublinhando que, na União Europeia o sector das bebidas espirituosas pesa 33% nas exportações do sector da agro-alimentar (e que o das cervejas representa apenas 8%), o director de marketing da Licor Beirão, desabafa que o novo agravamento dos impostos “é uma mensagem estranha que o Governo está a passar à economia”. A empresa familiar faz 75% das vendas em Portugal mas está a crescer nas exportações. Em 2013, aumentou em 23% o negócio com o estrangeiro.

Além do álcool, o Executivo prepara-se para alterar a tributação sobre o tabaco e avançar com uma “redução de rendas na indústria fornecedora de medicamentos” para compensar os desequilíbrios financeiros no sector da saúde e conseguir poupanças de 300 milhões de euros. A intenção está a ser muito criticada pelas associações que representam quer as bebidas espirituosas quer os grossistas de tabaco.

 

 

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