Godard, Cronenberg, irmãos Dardenne e Tommy Lee Jones competem este ano em Cannes

Alinhamento do 67.º Festival de Cannes foi anunciado esta manhã em conferência de imprensa e inclui os consagrados de sempre. Curta de Teresa Villaverde estará em Cannes como parte do projecto Pontes de Sarajevo.

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O poster deste ano do festival, com Marcello Mastroianni

Ao mestre Jean-Luc Godard juntam-se este ano no Festival de Cannes os novos filmes de David Cronenberg, dos Dardenne, de Xavier Dolan, de Atom Egoyan, Tommy Lee Jones, Michel Hazanavicius, Mike Leigh ou Ken Loach na competição, foi esta manhã anunciado em conferência de imprensa. É uma competição repleta de consagrados, de habituées.

Adieu au Langage, de Godard, é um dos 18 títulos em estreia na 67.ª edição do mais importante festival de cinema do mundo. É um filme em 3 D e o primeiro dele na competição desde 2001. Vai competir com Sils Maria, de Olivier Assayas, com o biopic Saint Laurent, de Bertrand Bonello, Kis Uykusu (Winter’s Sleep), de Nuri Bilge Ceylan, Maps to the Stars, de Cronenberg (de novo com Robert Pattinson, um filme sobre a obessão pela fama), ou Deux Jours, Une Nuit, dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne. Na lista anunciada pelo director do festival, Thierry Fremaux, constam ainda Mommy, de Xavier Dolan (um menino-querido do festival, cuja carreira Cannes tem promovido, depois de se ter estreado na Quinzena dos Realizadores aos 19 anos, tem agora 25 e foi agora catapultado para a competição e com o seu "tema" favorito: as mães), Captives, de Atom Egoyan, The Search, de Michel Hazanavicius, The Homesman, o segundo filme de ambiente western feito por Tommy Lee Jones (protagonizado pela Hilary Swank), e Futatsume No Mado (Still the Water), de Naomi Kawase. Ainda Mr. Turner, de Mike Leigh, Jimmy’s Hall, de Ken Loach, Foxcatcher, de Bennett Miller, Le Meraviglie, de Alice Rohrwacher, Timbuktu de Abderrahmane Sissako, Relatos Selvajes de Damian Szifron e Leviathan de Andrey Zvyagintsev. 

Já era sabido que o filme de abertura de Cannes seria o biopic Grace of Monaco, protagonizado por Nicole Kidman e dirigido por Olivier Dahan. Esta quinta-feira o festival acrescentou-lhe então a competição, mas também os participantes na secção Un Certain Regard, entre os quais está a estreia do actor Ryan Gosling como realizador (Lost River). Party Girl, de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis, será o filme de abertura dessa secção, onde estão Jauja do argentino Lisandro Alonzo, com Viggo Mortensen, Fantasia de Wang Chao, Eleanor Rigby de Ned Benson, Incompresa, realizado por Asia Argento e com Charlotte Gainsbourg, e La Chambre Bleue de Mathieu Amalric, com Amalric e Léa Drucker como actores principais uma adaptação de Georges Simenon, produzido por Paulo Branco, é o regresso de Amalric ao festival enquanto realizador após Tournée – Em Digressão, pelo qual ganhou o Prémio de Melhor Realizador.

Titli, de Kanu Behl, Amour Fou de Jessica Hausner, Charlie’s Country de Rolf de Heer, Snow in Paradise de Andrew Hulme, Dohee-Ya (A Girl at My Door) de July Jung, Xenia, por Panos Koutras, Philippe Lacôte com Run, Turist de Ruben Östlund, Hermosa Juventud de Jaime Rosales, The Salt of the Earth de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado e Harcheck Mi Headro de Keren Yedaya são os restantes filmes de Un Certain Regard.

Fora de competição estão ainda Dragons 2, de Dean Deblois, e Gui Lai, de Zhang Yimou. Nas sessões da meia-noite poderão ser vistos Pyo Jeok, de Chang, Kristian Levring e o seu “western dinamarquês” The Salvation, como descreveu Thierry Fremaux, filme protagonizado por Eva Green, Mads Mikkelsen e Jeffrey Dean Morgan, e ainda ainda The Rover, de David Michod.

Nos visionamentos especiais surge Pontes de Sarajevo, uma longa-metragem composta por 13 curtas de 13 cineastas europeus de gerações e países diferentes – uma delas é assinada pela realizadora portuguesa Teresa Villaverde. Juntam-se-lhe Jean-Luc Godard, Isild Le Besco, Serguei Loznitsa,Cristi Puiu, Ursula Meier, Leonardo di Costanzo e Vincenzo Marra, Vladimir Perisic, Marc Recha, Angela Schanelec, Kamen Kalev e Aida Begic. A curta de Villaverde, Sara e a Sua Mãe, é uma ficção a partir de factos reais e conta com intérpretes bósnios. Além de Villaverde, há uma equipa de 15 animadores portugueses, liderada por Luís da Matta Almeida, que trabalhou em Pontes de Sarajevo, que trabalham com o ilustrador belga François Schuiten nas animações dos créditos intercalares. 

Na mesma secção há ainda Red Army, de Polsky Gabe, Maidan, de Serguei Loznitsa, Eau Argentée, de Mohammed Ossama, e Caricaturistes – Fantassins de la Démocratie, de Stéphanie Valloato.

O cartaz oficial da 67.ª edição do evento tem uma fotografia de Marcello Mastroianni, actor de Federico Fellini. É um retrato de Mastroianni aos 40 anos, a olhar por sobre os óculos escuros, retirado de 8 1/2, clássico exibido em Cannes em 1963. É o senhor que se segue ao casal Paul Newman-Joanne Woodward, escolhidos no ano passado para o cartaz. "Com Marcello Mastroianni e Federico Fellini, celebramos um cinema livre e aberto ao mundo, manifestando a importância artística do cinema italiano e europeu por meio de suas figuras mais solares", defendeu a organização quando o apresentou.

A propósito do cinema italiano, a crise europeia também foi abordada. Thierry Fremaux lembrou que “a Itália, Espanha e Portugal” são países que acreditam que esta arte deve ser preservada, apesar das dificuldades económicas, países em que se testemunha a vontade dos artistas e dos profissionais do sector de que “o cinema não morra”. 

Na conferência de imprensa, os jornalistas perguntaram ainda se Lars von Trier continua a ser persona non grata no festival, aludindo à polémica de há três anos que envolveu o realizador, ao que o director do evento, Thierry Fremaux, respondeu: “Pode perguntar se há mulheres na competição… Quando ele mostrou aquela t-shirt, eu enviei-lhe um email a dizer que a queria, ele respondeu-me: 'Ainda bem que pensas assim.' E nunca me enviou a t-shirt.” 

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