Península entra pela Ucrânia adentro

Em Donetsk, Lugansk e Kharkov, separatistas pedem uma nova Crimeia ou um Estado soberano.

Em três cidades no Leste da Ucrânia – Donetsk, Lugansk e Kharkov – movimentos de rebeldes separatistas pró-russos lutam por um desfecho semelhante ao que aconteceu na península da Crimeia, que no mês passado foi anexada pela Rússia, ou por um Estado independente. Em Donetsk, por exemplo, os separatistas tomaram o quartel-general da polícia e ocuparam o edifício do governo regional, a partir do qual proclamaram a existência de uma nova “república popular” independente da capital, Kiev, e anunciaram 11 de Maio como data para a realização de um referendo para “a criação de um novo Estado soberano”.

O que têm em comum estas três cidades? São todas cidades industriais, responsáveis por uma grande fatia do PIB ucraniano, têm todas uma elevada densidade populacional e fazem todas fronteira com a Rússia. Ao contrário da Crimeia, onde a maioria da população é etnicamente russa, nestas cidades a leste os seus habitantes são etnicamente ucranianos, apesar de falarem o russo como primeira língua. E também é onde estão colocadas as bases de grandes oligarcas que antes apoiavam Ianukovich.

E o dado mais preocupante nos tumultos de ontem é que mesmo sem tropas russas disfarçadas, como aconteceu na Crimeia, as forças de segurança ucranianas foram incapazes de conter os rebeldes e activistas que assaltaram as sedes do poder de Kiev.

E os grupos separatistas vão continuar a elevar a fasquia, enquanto Putin continuar a deitar achas para a fogueira, ou seja, a manter os 40 mil soldados estacionados a 30 quilómetros da fronteira, ameaçar “defender por todos os meios” as populações russófilas das antigas repúblicas soviéticas e chantagear economicamente a Ucrânia com gás da Gazprom. Até agora as sanções do Ocidente têm sido apenas um grão de areia na engrenagem federalista de Moscovo.
 

  



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