Ordem dos Médicos diz que Hospital de Aveiro está "à beira da ruptura"

Para Carlos Cortes, "pode estar em risco a qualidade da prestação dos cuidados de saúde".

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Consultas e cirurgias decresceram de Janeiro para Fevereiro Foto: Paulo Pimenta

O presidente da secção regional do Centro da ordem dos Médicos, Carlos Cortes, disse esta sexta-feira, que o Hospital de Aveiro está "à beira da ruptura", com situações "graves", quer nas consultas, quer na urgência.

"Há situações, por exemplo, na urgência, em que o médico mais escalado é o médico "buraco", ou seja, o vazio na escala. A maior parte das vezes a urgência não têm o número necessário de médicos para assegurar o serviço de urgência com segurança", declarou à Lusa.

Carlos Cortes, que se reuniu com os médicos do distrito de Aveiro, diz ter encontrado "um ambiente de grande crispação e desmotivação dos profissionais que não é habitual na classe médica", porque no Centro Hospitalar do Baixo Vouga - que além do Hospital de Aveiro compreende os de Águeda e Estarreja - "os serviços estão a ser completamente desestruturados".

O representante da Ordem dos Médicos falou em mal-estar acentuado e disse que os médicos "não conseguem falar com a direcção clínica" e que os profissionais "se sentem feridos pela forma como são tratados".

Carlos Cortes referiu existir "um ambiente persecutório junto da classe", com várias direcções de serviços que foram demitidas e cujas justificações "são expostas publicamente na intranet" do Hospital. "Não são ouvidos sobre as orientações clínicas e a sensação é a de que a reestruturação que está a ser feita não é em benefício dos cuidados de saúde, bem pelo contrário, mas de uma visão completamente economicista", diz.

Dentro da área do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, há médicos que "estão a ser chutados de um hospital para outro", havendo casos em que "são avisados numa sexta-feira que a partir de segunda-feira deixam de trabalhar num hospital e passam a trabalhar noutro".

Para Carlos Cortes, "pode estar em risco a qualidade da prestação dos cuidados de saúde, como também a qualidade da formação dos profissionais dentro da instituição, o que obriga a uma intervenção enérgica e firme" da Ordem dos Médicos.

"Depois de ouvir os médicos, numa reunião que teve uma anormal afluência, concluo que o Centro Hospitalar do Baixo Vouga está à beira da ruptura, devido a problemas graves. Pedimos por isso uma reunião com carácter urgente ao conselho de administração, com a participação dos sindicatos médicos, e vamos elaborar um relatório a enviar ao Ministério da Saúde", adiantou.

A  Lusa tentou obter, sem sucesso, esclarecimentos junto do conselho de administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga e da direcção clínica. 

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