Os jogos sociais explorados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) geraram um lucro líquido de 541 milhões de euros em 2013, o que representa uma subida de 1,2% face ao ano anterior.

Ao nível das vendas brutas, estas subiram 3,5% para 1790 milhões de euros, o que representa um novo recorde, tal como o PÚBLICO noticiou no final de Dezembro.

O Euromilhões continua a ser o principal jogo social explorado pela SCML, mas sofreu uma quebra face a 2012, tal como todos os outros jogos, à excepção da lotaria instantânea, mais conhecida por raspadinha. Foi, aliás, o crescimento da raspadinha que sustentou a subida das receitas. Os portugueses apostaram 591 milhões de euros nas raspadinhas, (o que representa 33% do total das receitas), tendo subido 56,9% face a 2012. Ou seja, os portugueses apostaram mais 214,2 milhões de euros neste jogo. As raspadinhas "pé-de-meia", de valor mais elevado e que dão prémios ao longo do tempo, já valem 39% deste jogo. Deste segmento, as mais populares são as "mini pé-de-meia", lançadas em Fevereiro de 2013. 

Já o Euromilhões foi responsável por 939 milhões de euros (52,5% do total) em 2013, o que mostra uma quebra de 10,4%, equivalente a 108,5 milhões de euros. Em termos relativos, a maior queda foi no Joker, que sofreu uma descida de 23,3%.

Ao todo, foram distribuídos prémios no valor de 1002 milhões de euros, 5,9% acima do valor de 2012. Este factor, aliado a outros, como a subida do imposto do selo, levou a uma redução das vendas líquidas, que desceram para 587,3 milhões (menos 1,6%). No passado, o Governo aplicou um imposto especial, de 20%, sobre os pagamentos de prémios superiores a cinco mil euros. Ao todo, através do imposto do selo sobre prémios e apostas, o Fisco ficou com 126 milhões de euros. 

No entanto, graças a medidas como o corte nos gastos, registou-se a subida de 1,2% nos lucros dos jogos sociais da SCML.

Em comunicado, a SCML destaca que, do valor total das apostas no ano passado,” 97,5% foi devolvido à sociedade, representando um valor global de 1746 milhões de euros”. A instituição afirma ainda que a subida das vendas e dos lucros contrasta com as suas congéneres europeias já que, no geral, “se estima para 2013 uma queda de 2,5% no volume de vendas brutas de jogo”.

Destacando que estes dados surgem num "cenário adverso", e com a despesa das famílias com o jogo a decrescer, a SCML sublinha que o aumento verificado nas vendas dos  jogos sociais "traduz-se num crescimento do seu peso no total da oferta legal de jogo a dinheiro, que passou de 63%, em 2012, para 66% em 2013".

Para Fernando Paes Afonso, administrador executivo do Departamento de Jogos e Vice-Provedor da SCML, uma vez que “o jogo a dinheiro, incluindo os jogos sociais do Estado explorados pelo Departamento de Jogos da SCML", têm um  "comportamento pró-cíclico", os resultados do ano passado "permitem concluir que houve uma transferência da despesa das famílias em jogos disponibilizados ilegalmente para os jogos explorados pela Santa Casa da Misericórdia”.

Enquanto não há novos desenvolvimentos na exploração do jogo online, a SCML mantém os planos de alargar o seu portefólio através do lançamento de um novo jogo ligado às apostas desportivas.