Partido de Le Pen conquistou uma câmara e ganha em sete municípios

Primeira volta das eleições autárquicas francesas corre de feição à Frente Nacional. UMP recusa apoiar candidatos da esquerda na segunda volta.

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Marine Le Pen e Steeve Briois, o novo presidente de câmara de Hénin-Beaumont Pascal Rossignol/REUTERS

Com uma abstenção que terá chegado pelo menos a 38,5%, sete candidatos do partido de extrema-direita de Marine Le Pen estão à frente nas contagens iniciais dos votos da primeira volta das eleições municipais em França.

Em Hénin-Beaumont, o município de 26 mil habitantes do Norte do país pelo qual a própria Le Pen se candidatou como deputada nas últimas legislativas – sem sucesso, embora por pouco – o candidato da Frente Nacional (FN), Steeve Briois, é dado como o vencedor, com 50,26%. Nem sequer precisará de ir à segunda volta, marcada para o próximo domingo, 30 de Março.

Noutras cidades onde se candidatam figuras mais mediáticas da FN, os primeiros resultados estão igualmente a ser-lhe favoráveis. As previsões apontam que em Forbach, Florian Philippot, vice-presidente e estratega do partido, terá 35,75%, contra 33% do presidente da câmara socialista que estava no poder. Em Perpignan, Louis Aliot, vice-presidente e companheiro de Marine Le Pen, terá 34,4%, avança o Le Monde. Está à frente do candidato da UMP, o grande partido do centro-direita, que tem 29,8%.

As grandes tendências nacionais, aponta o canal de notícias BMTV, são para um total de 48% para a UMP, 43% para a esquerda e 7% para a FN - um valor alto, dado que os frentistas só apresentaram 597 listas para os 36 mil municípios franceses. 

Najat-Vallaud Belkacem, ministra porta-voz do Governo, deu indicação sobre o que fará o seu partido : "A posição do PS é muito clara: Faremos tudo o que for possível para impedir que um candidato da FN obtenha um município”. 

David Assouline, porta-voz do Partido Socialista, lamentou “a abstenção importante e a “subida inquietante” da Frente Nacional, numa declaração à AFP. Apelou à “mobilização dos abstencionistas de esquerda” para irem votar na segunda volta.

Na segunda volta, em que podem ir a votos os três – ou, em casos mais raros, os quatro – candidatos mais votados, para discutir quem ganhará a câmara, o candidato da UMP poderá escolher apoiar o do PS, se este tiver mais hipóteses de ganhar, face ao desafio de um candidato da Frente Nacional. E vice-versa. Isto é o que se tem passado, historicamente – fazia parte da estratégia de contenção do avanço deste partido de extrema-direita e xenófobo.

Só que nos últimos anos esta estratégia de defesa dos valores da República francesa está a fraquejar – as sereias do canto de Marine Le Pen enfeitiçam também o centro-direita, e a UMP divide-se sobre o que fazer. Nas últimas eleições, o que o líder da UMP defendeu foi a estratégia do “nem-nem”: ou seja, em caso de triangulares, não apoiar nem um candidato da FN nem um candidato socialista. E desta vez está a dar a mesma indicação.

Aos microfones da televisão France 2, Copé confirmou que o seu partido não dará indicação a “votar pelo PS, aliado da Frente de Esquerda” na segunda volta. Se por um lado tenta evitar confundir-se com os socialistas – precavendo-se contra a acusação de “amálgama” com o PS que Marine Le Pen faz à UMP –, deverá dividir mais o eleitorado, facilitando o avanço da FN.

A noite eleitoral está a correr de feição para Marine Le Pen, que até agora não tinha implantação nenhuma no poder local. “A FN é uma grande força nacional. Ficar à frente num tão grande número de municípios é a prova de que a FN se está a implantar de forma durável.”

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