Conselho do PSD-Madeira “chumbou” antecipação do congresso electivo

Jardim ameaçou recandidatar-se se os conselheiros aprovassem o requerimento apresentado pelos apoiantes de Miguel Albuquerque que obteve apenas quatro votos a favor.

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Daniel Rocha/Arquivo

O conselho regional do PSD “chumbou” este sábado a proposta de convocação de um congresso extraordinário electivo para Junho próximo. Apenas teve quatro votos a favor.

"Nos termos estatutários, o conselho regional determinou manter o próximo congresso, bem como as eleições internas que o antecedem, nas datas já anteriormente fixadas pelo órgão máximo partidário”, refere o comunicado divulgado pelo Jornal da Madeira, propriedade do Governo Regional, antes da votação do requerimento. “O próximo congresso do partido será feito a 10 de Janeiro de 2015 com eleições directas a 19 de Dezembro de 2014 e com posse imediata do novo governo que não será já presidido por mim”, anunciou Alberto João Jardim em Novembro passado, após a comissão regional que confirmou as datas aprovadas no último congresso.

Antes de submeter o requerimento a votação, Alberto João Jardim ameaçou recandidatar-se se os conselheiros, todos eleitos pela sua lista única, aprovassem a proposta de antecipação do congresso electivo para o próximo mês de Junho. Ao assinalar 36 anos na presidência do Governo Regional, a 17 de Março, o líder social-democrata declarou estar “cansado do PSD-Madeira” e admitiu formar um novo partido.

O requerimento foi subscrito por 640 militantes, mas só metade das assinaturas foram validadas. Nos termos dos estatutos do PSD-Madeira, a convocação de congresso extraordinário pode ser feita a pedido do conselho regional, da comissão política regional ou de 300 filiados regionais. É com base nesta prerrogativa que os apoiantes de Miguel Albuquerque solicitaram a antecipação do congresso para Junho próximo, antecedido de eleições directas para a comissão política e secretariado. Estava marcado para Janeiro de 2015, com a eleição do líder em Dezembro de 2014.

“O partido perdeu a proximidade com os eleitores, perdeu sete das 11 câmaras da Madeira que estão nas mãos dos adversários políticos do PSD. Por isso é urgente promover o debate interno e abrir-se à sociedade para contrariar o estado de erosão da sua base social e voltar a liderar as grandes causas da região”, afirmou Albuquerque, quando procedeu à entrega das assinaturas, o dobro das necessárias para convocar o congresso extraordinário. A antecipação das eleições internas foi justificada pela “urgência de apresentar novas soluções para os graves problemas da região” que implicam “mudar de liderança e de políticas”.

Também Miguel de Sousa, que divulgou esta semana o programa de candidatura, defendia que a sucessão de Jardim acontecesse no Verão, logo depois das eleições europeias, de modo a permitir que a chefia do novo governo seja assumida “tão rápido quanto possível”, para inverter a presente situação da Madeira com “uma dívida extraordinariamente pesada, quase impossível de suster”. Primeiro vice-presidente (1988 a 1992) na governação de Jardim, aquele vice-presidente da assembleia regional contesta que a sucessão na liderança do partido possa verificar-se a menos de um ano das eleições regionais, como advoga Jardim. “Tenho dificuldade em perceber o que é que um líder do Governo em Janeiro vai fazer durante nove meses com um orçamento aprovado antes por outro Governo. Não dá para fazer um programa de governo apenas para alguns meses, porque entretanto entra-se em campanha eleitoral”, observou Sousa.

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