Cavaco tenta sanar o que é insanável

O Presidente da República lançou as europeias e voltou a pedir entendimentos políticos.

Cavaco Silva marcou as europeias para 25 de Maio e aproveitou a comunicação ao país para fazer os habituais apelos à participação numas eleições em que os portugueses normalmente se mostram pouco interessados e em que o nível de abstenção supera a fasquia dos 60%. Mas pelo meio não deixou de dar alguns recados aos partidos políticos. O primeiro foi para aqueles que se candidatam a representar o país no Parlamento Europeu. Cavaco Silva, num país que sofre da fadiga de austeridade, diz que os 21 eleitos devem ter como "prioridade" da sua actuação política o "crescimento económico, criação de emprego e coesão social".

O segundo recado, já bastante repetido, é o apelo a um consenso entre os partidos que assinaram o memorando da troika. Numa mensagem política clara ao PSD e PS, Cavaco Silva veio dizer que “o agravamento de crispações partidárias poderá prejudicar entendimentos que se venham a revelar indispensáveis no futuro". O Presidente da República sabe que durante a pré-campanha e a campanha eleitoral para as europeias as posições vão ficar mais extremadas e, como tal, pede "para que exista um debate de ideias, em vez de uma troca de ataques".

A intenção de Cavaco Silva é boa, mas não terá pernas para andar. Se durante a crise política do Verão de 2013 – em que o Presidente tentou a solução de um governo de salvação nacional, propondo ao PS a antecipação das eleições – Belém não conseguiu sentar Passos e Seguro à mesma mesa, não será agora, às portas das europeias que vai ter êxito. As duas palavras de António José Seguro esta semana, no final do encontro que teve com o primeiro-ministro – "divergências insanáveis" –, dizem tudo. E vão marcar o tom da campanha. E não é a dois meses das eleições que Cavaco vai conseguir sanar o que parece ser mesmo insanável.
 

  

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