Metade do crescimento da economia assenta na procura interna

Ministra das Finanças diz que metade do crescimento de 1,2% previsto para 2014 terá origem na recuperação do consumo e do investimento.

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A meta do défice é de 4% este ano e de 2,5% em 2015, lembra Maria Luís Albuquerque Rui Gaudêncio

O crescimento da economia em 2014 não ficará a dever-se apenas à procura externa, mas também à recuperação da procura interna, nomeadamente do consumo privado e do investimento. A garantia foi deixada nesta quarta-feira pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, durante uma audição na comissão parlamentar das finanças e administração pública.

“Conforme já foi anunciado, as últimas estimativas apontam para um crescimento económico real de 1,2% em 2014 – uma revisão de 0,4 pontos percentuais face à projecção anterior, assente na melhoria de todas as componentes do Produto Interno Bruto (PIB)”, destacou ministra na sua intervenção inicial.

“A procura interna deverá ter um contributo positivo para o crescimento do produto – o que já não acontecia desde 2010”, destacou. Porém, acrescentou, “ao contrário de 2010, em que as exportações líquidas tiveram um contributo nulo para o crescimento, em 2014 deverão contribuir exactamente na mesma medida da procura interna – em cerca de 0,6 pontos percentuais”.

De acordo com o cenário macro-económico resultante da 11ª avaliação, distribuído aos deputados, a procura interna registou quedas acentuadas de 2010 para cá e só este ano apresentará um valor positivo, ao contrário do se previa no relatório da décima avaliação, que apontava para um contributo nulo para o crescimento da economia.

As previsões do Governo apontam também para uma recuperação do investimento, na ordem dos 3,1%, acima do esperado anteriormente.

Mas a recuperação da procura interna tem reflexos ao nível exportações líquidas, que têm vindo a abrandar, reduzindo-se o seu contributo para o crescimento da economia. O Fundo Monetário Internacional já tinha alertado para esse problema no relatório da décima avaliação. “Os sinais de retoma [na economia] têm sido gerados principalmente por uma normalização da procura interna, enquanto se assiste a uma redução do contributo das exportações líquidas para o crescimento”, avisava a instituição, receando que o modelo de desenvolvimento que tem defendido seja posto em causa.

A ministra, e também os deputados do PSD e do CDS-PP, fizeram questão de realçar que a melhoria dos indicadores – ao nível da actividade económica e do mercado de trabalho – já são o resultado das políticas seguidas pelo Governo.

A oposição questionou as melhorias anunciadas, acusando o Governo de não ser sensível aos problemas dos portugueses.

Em resposta, a ministra reconheceu que, fruto de uma recessão que se arrastou por três anos, “os portugueses estão mais pobres”. “Temos plena consciência das dificuldades, o que nos separa é o que pode resolver essas dificuldades”, acrescentou em resposta ao deputado do PCP Paulo Sá.

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