Mulher terá sido infectada com vírus da sida durante relações sexuais com outra mulher

Centros para o Controlo e Prevenção das Doenças dos Estados Unidos relatam caso raro de mulher infectada pelo VIH cujo único meio identificado de transmissão possível foi o contacto sexual com a companheira. Testes genéticos aos vírus das duas mulheres mostraram uma semelhança de 98%.

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O VIH já matou mais de 36 milhões de pessoas desde que foi conhecido no início da década de 1980 Bogdan Cristel/Reuters (arquivo)

Um caso raro de uma mulher que terá sido infectada com o vírus da sida durante relações sexuais com a companheira foi relatado nesta sexta-feira pela revista semanal Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) dos Centros para o Controlo e Prevenção das Doenças dos Estados Unidos, os famosos CDC.

“A mulher que foi diagnosticada agora com a infecção do VIH tem um vírus virtualmente idêntico ao da sua companheira, que foi diagnosticada antes com o VIH e parou de receber tratamento anti-retroviral em 2010”, lê-se no documento dos CDC. “Este relato descreve um caso de transmissão do VIH provavelmente devido ao contacto sexual entre duas mulheres.”

O vírus da imunodeficiência humana (VIH), responsável pelo desenvolvimento da síndrome de imunodeficiência adquirida (sida), existe em certos fluidos humanos como o sangue, o esperma, o fluido pré-ejaculatório, o fluido vaginal, o fluido anal e o leite. E pode ser transmitido a outra pessoa (independentemente de já estar infectada ou não pelo VIH) quando um destes fluidos entra em contacto com as membranas mucosas, que existem na boca, na vagina, no pénis e no ânus, quando entram em contacto com uma ferida, ou no caso do uso de seringas ou de transfusões de sangue contaminados com o vírus.

As relações sexuais desprotegidas entre mulheres e homens ou entre homens, que passem pela penetração, como o sexo vaginal ou o sexo anal, são as formas mais comuns de se transmitir este vírus, que também pode ser transmitido no sexo oral desprotegido. Mas no caso de sexo entre mulheres, esta transmissão é muito rara e nunca houve nenhum caso tão bem documentado pelos CDC como o que é agora relatado na MMRW.

Em Agosto de 2012, os CDC foram contactados pelo Departamento de Saúde de Houston sobre a situação. Segundo o que os centros conseguiram apurar, a mulher com 46 anos não tinha tido nenhuma relação sexual com homens nos dez anos anteriores a ser infectada pelo vírus, nem se tinha injectado com drogas, feito tatuagens, acupunctura, transfusões, transplantes ou qualquer outra actividade associada a um risco de infecção com o VIH. Por outro lado, em Março de 2012, uma análise ao seu plasma não tinha detectado a existência do vírus, indicando que a transmissão tinha sido muito recente.

Nos últimos seis meses, o único meio identificado de transmissão possível foi o contacto sexual com outra mulher que era seropositiva. “A possibilidade de transmissão do VIH através do contacto sexual entre mulheres inclui a exposição desprotegida a fluidos vaginais e a outros fluidos e a exposição a sangue da menstruação ou sangue durante sexo violento”, descreve o relatório. O casal relatou que tinha tido este tipo de actividades. Além disso, os vírus das duas mulheres eram 98% idênticos a nível genético, de acordo com testes feitos.

O VIH multiplica-se em certas células do sistema imunitário, matando-as. Se não for combatido com anti-retrovirais, as pessoas infectadas pelo VIH ficam sem defesas e qualquer bactéria, vírus ou fungo, facilmente eliminado por um sistema imunitário saudável, tem o caminho livre para se multiplicar no corpo humano, causando infecções terríveis. Assim, um conjunto de infecções acaba por matar os doentes nesta fase. Ainda não há cura para a sida.

“O controlo da infecção do VIH com a supressão da carga viral tem bons resultados na saúde e reduz as probabilidades de transmitir o VIH”, conclui o artigo.

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