Mais de 40% dos quartos de hotel em Portugal ficaram por vender em 2013

Associação da Hotelaria destaca crescimentos na taxa de ocupação e do preço médio por quarto, mas lembra que no turismo o “copo está meio vazio”.

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O Algarve é o principal destino

Mais de 40% dos quartos de hotel em Portugal ficaram por ocupar o ano passado. Apesar do bom desempenho da hotelaria nacional, que conseguiu aumentar as taxas de ocupação e o preço médio por quarto disponível (o chamado RevPar), o copo “está meio vazio”, sublinha Luís Veiga, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).

Dados do Tourism Monitor da AHP, divulgados nesta quarta-feira, e que se referem em exclusivo à operação de mais de 600 hotéis em Portugal, mostram que entre Janeiro e Dezembro a taxa de ocupação por quarto foi de 59,02%, mais 4,4% em comparação com o mesmo período de 2012. Ao mesmo tempo, o preço médio por quarto ocupado subiu apenas 0,96%, para 67,11 euros e o preço médio de cada quarto disponível nas unidades atingiu os 39,61 euros, uma subida de 5,43%. “O RevPar subiu à custa da taxa de ocupação e não do preço”, sublinhou Cristina Siza Vieira, directora executiva da AHP.

Luís Veiga acredita que a fase da recuperação do turismo já começou, mas ainda é cedo para respirar de alívio. “Ainda não podemos dizer que chegámos ao céu”, sublinhou. Deu o exemplo do Algarve, o destino turístico mais importante do país, para lembrar que ainda falta muito para regressar aos números de 2001, quando a região tinha um milhão de dormidas. “Pelas nossas previsões, isso só será possível em 2015 e se continuarmos com taxas de crescimento de 5% como estimamos”, adiantou. A taxa de ocupação no Algarve – descrita como a região “alavanca de todo o continente”- situou-se nos 57,16%, abaixo da média nacional.

Na Bolsa de Turismo de Lisboa, que decorre até domingo, o secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, também lembrou que 2013 foi um ano “muito positivo” para o sector, com números “recorde”, mas que não “indicam que está tudo feito”. Os dados mostram que o turismo “está a caminhar na direcção certa da única forma que é possível fazê-lo, que é trazer para Portugal turistas e convencê-los a voltar”, disse.

Certo é que o preço médio por quarto disponível está longe dos valores de 2008, ano em que estalou a crise financeira e mundial. Passou de 42,54 euros nessa altura para 39,61 euros o ano passado. Ainda assim, este foi o valor mais elevado registado no período em análise. “É mais importante trabalhar no preço do que falar consecutivamente na necessidade de o aumentar. O objectivo é reduzir os custos de contexto”, defendeu Luís Veiga.

Os portugueses continuam a ser os melhores clientes dos hotéis nacionais e representam 28,5% dos hóspedes. Seguem-se os ingleses (16,99%) e os alemães (8,7%), mercado que os hoteleiros esperam ver reforçado em 2014. Lisboa, Porto e Madeira conseguem manter taxas de ocupação estáveis ao longo do ano e a concentração das receitas está concentrada nestes três destinos.

Quanto à oferta, em 2013 estavam registados 1189 estabelecimentos hoteleiros no Turismo de Portugal, uma subida de 51 unidades face a 2012. Cristina Siza Vieira sublinha que este foi um “abrandamento substancial” e corresponde a “um terço do ritmo de crescimento da oferta hoteleira. Entre 2010 e 2012 a oferta cresceu de 908 para 1138 unidades.

A AHP também elaborou um questionário aos hoteleiros sobre as perspectivas para 2014 e concluiu que há optimismo entre os empresários. Esperam-se aumentos nas taxas de ocupação e da procura externa e as áreas menos atractivas são o golf e o turismo religioso que tiveram “comportamentos não muito interessantes em 2013”.

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