O próximo Pavilhão Serpentine em Londres tem como autor um arquitecto chileno

Smiljan Radic é o mais jovem arquitecto convidado pela Serpentine Galleries. Projectou uma concha gigante e translúcida em fibra de vidro que convida os visitantes a entrar e a interagir com o espaço.

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O projecto do pavilhão de Smiljan Radic

Depois de quase década e meia de archi-stars de todo o mundo, com vários prémios Pritzker pelo meio (incluindo os portugueses Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura, em 2005), os responsáveis da galeria londrina optaram, este ano, por um nome pouco mediático para a criação do pavilhão que, no Verão, animará os Kensington Gardens.

A escolha recaiu no arquitecto chileno Smiljan Radic (n. Santiago do Chile, 1965), o segundo mais novo dos arquitectos que, desde o ano 2000 (Zaha Hadid), têm sido chamados a projectar este pavilhão de arquitectura efémera de animação estival. O mais novo foi o japonês Sou Fujimoto, convidado o ano passado.

Smiljan Radic projectou uma estrutura com a aparência de uma concha gigante e translúcida, em fibra de vidro, apoiada sobre quatro rochas enormes. Uma estrutura que o jornal The Guardian, na notícia em que esta quarta-feira anuncia a escolha da Serpentine Galleries, compara com “o resultado da visita de um alien a um antigo sítio pagão”.

Sobre este projecto inspirado em trabalhos anteriores de Smiljan Radic, como o restaurante Mestizo, em Santiago do Chile, ou o pavilhão O Castelo do Gigante Egoísta (2010), que executou também para a capital do seu país, inspirado num texto de Oscar Wilde, o arquitecto chileno diz que, “por fora, o visitante verá uma frágil concha suspensa sobre quatro pedras”, mas cujo interior “albergará um pátio vazio”. O visitante é assim convidado a preencher e a interagir com esse espaço, onde terá a sensação de que está a flutuar. E onde, à noite, graças à semitransparência da concha, a luz âmbar atrairá a atenção de quem passa como os candeeiros atraem as traças”, explica ainda Radic, numa descrição citada no site da Serpentine Galleries.


A instituição londrina anuncia também que, entre 26 de Junho, dia da inauguração, e os seguintes meses de Verão, o Pavilhão Serpentine contará com um vasto programa de animação que inclui arte, poesia, música, cinema, literatura, além de criações de três novas artistas emergentes: Lina Lapelyte, Hannah Perry e Heather Phillipson. 

Já sobre o desafio que lhe foi feito em Londres, Smiljan Radic disse, segundo o Guardian, que a Serpentine Galleries “está a correr um grande risco”. “Eu não correspondo ao lugar-comum dos arquitectos, e é realmente muito difícil, para mim, fazer algo tão depressa. Mas o risco também pode ser excitante”, acrescentou o arquitecto, que tem o seu atelier sediado em Santiago do Chile.

A Serpentine Galleries justifica a escolha do arquitecto chileno considerando que o seu trabalho se “move livremente, atravessando fronteiras e evitando qualquer catalogação específica no campo da arquitectura”.

Ao Guardian, Julia Peyton-Jones e Hans Ulrich Obrist, directores da Serpentine, apresentaram Radic como “uma figura chave da extraordinária explosão da arquitectura no Chile”. E falaram mesmo de “milagre chileno”, referindo-se à obra deste arquitecto, mas também a um momento em que a arquitectura deste país sul-americano atravessa as suas fronteiras e se afirma em importantes fóruns internacionais – recorde-se que um dos convidados da exposição Sensing Spaces, actualmente em exibição na Royal Academy of Arts, em Londres, é o atelier chileno Pezo von Ellrichshausen (que esteve também em Portugal, no ano passado, com um projecto associado à Trienal de Lisboa).

No comunicado em que anuncia o próximo Pavilhão Serpentine, a instituição londrina diz ainda que “a versatilidade de Smiljan Radic permite-lhe responder às exigências de qualquer cenário, tenha ele o constrangimento espacial de um lugar urbano ou os desafios extremos apresentados por um remoto lugar rural, pelo terreno montanhoso ou pela costa rochosa do seu Chile natal”.

Smiljan Radic estudou na Escola de Arquitectura da Universidade Católica de Santiago do Chile, onde se diplomou em 1989. Prolongou a sua formação na disciplina no Instituto de Arquitectura de Veneza, tendo depois viajado por diversos países até regressar à sua cidade natal para montar atelier, em 1995. Em 2001, foi nomeado pelo Colégio Chileno de Arquitectos como “o melhor arquitecto com menos de 35 anos” e, em 2009, tornou-se membro honorário do Instituto Americano dos Arquitectos, nos Estados Unidos.

Tem obra feita principalmente no seu país, mas também, em paralelo com várias exposições, em cidades como Veneza, Bregenz (Áustria), Tóquio ou Hiroxima.
 

 

Notícia corrigida : não é o mais novo como se escrevia mas o segundo mais novo

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