Durão Barroso confiante na saída de Portugal do Programa de Assistência Financeira em Maio

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Durão Barroso em Atenas, este sábado AFP

“Não é justo pensar em austeridade quando se pensa na Europa”, diz o presidente da Comissão, pedindo aos líderes nacionais e locais que passem essa mensagem aos eleitores

O presidente da Comissão Europeia declarou este sábado que “Portugal vai sair do Programa [de assistência financeira] em Maio” e, referindo-se ao conjunto da União Europeia, reafirmou a ideia de que “a parte mais difícil da crise está atrás de nós”.

Durão Barroso, que falava na 6ª Cimeira das Cidades e Regiões, em Atenas, disse ainda estar “confiante no futuro” da Grécia, defendendo mesmo que o país “tem todos os recursos para ser um país líder” na União Europeia.

“Não há uma fatalidade, as coisas podem mudar para melhor”, declarou o presidente da Comissão, referindo-se ao caso grego. Como exemplo disso mesmo, Durão Barroso apontou o facto de o país, que antes era “um dos três piores na absorção dos fundos estruturais” ocupa agora o topo da tabela, no quarto lugar.

“Acredito que os esforços e as reformas na Grécia foram subestimados”, afirmou, acrescentando que “gostava” que a avaliação da troika que está agora em curso estivesse finalizada “na próxima semana”.  

Quanto a Portugal, o presidente da Comissão, cujo mandato termina a 31 de Outubro, disse no essencial que o país “vai sair” do Programa de Assistência Financeira “em Maio”. E lembrou que ainda há “grandes problemas” por resolver, como o do desemprego.

Sobre a crise, da qual defende que a União Europeia está agora “a emergir”, Durão Barroso sublinhou que “não é justo” dizer que foi a Europa o Euro que a criaram. O problema, sustentou, foi “resultado do comportamento irresponsável dos mercados financeiros e da dívida excessiva, pública e privada”.

“Alguns países, como a Grécia, a Irlanda e Portugal estavam numa situação desesperada. Alguns países não tinham dinheiro para pagar os salários até ao fim do ano”, lembrou o responsável. Perante a realidade, sustentou, aquilo que a União Europeia teve de fazer, para não “deixar a união desintegrar-se e a moeda desaparecer”, foi “construir barcos salva-vidas”.

“Sei que muitos sacrifícios foram pedidos, mas francamente acho que não havia outro caminho”, disse, acrescentando que a solução adoptada era a única que permitia “restaurar a confiança” nos estados-membros. Apesar disso, Durão Barroso admite que “provavelmente” nem tudo o que foi feito “foi certo”.

O presidente cessante da Comissão esforçou-se ainda por passar a mensagem de que “não é correcto pensar em austeridade quando se pensa na Europa”. “A Europa também é solidariedade”, vincou, dando como exemplo disso o facto de a Grécia ter recebido nos últimos anos 20 mil milhões de euros em fundos estruturais.

No seu discurso Durão Barroso pediu aos líderes presentes na cimeira promovida pelo Comité das Regiões que façam esses argumentos chegar aos cidadãos europeus, agora que se aproximam as eleições para o Parlamento Europeu. Referindo-se à previsível emergência dos partidos extremistas, o presidente da Comissão manifestou o desejo de que “os partidos moderados tenham a coragem de sair da sua zona de conforto e de dizer que são pela Europa”.

Quanto ao futuro, o dirigente europeu não tem dúvidas de qual deve ser a prioridade: “Emprego, emprego, emprego”, disse, acrescentando que agora que a crise ficou para trás o crescimento deve estar “no centro de todas as acções”.

António Costa defende mais crescimento para sair da crise
Já o presidente da Câmara de Lisboa, que foi um dos oradores da sessão de encerramento da 6.ª Cimeira Europeia das Cidades e Regiões, frisou que a União Europeia “venceu” apenas a “primeira fase” desta crise, havendo ainda um longo caminho pela frente.

António Costa comparou a situação à de uma pessoa que parte a perna e sofre uma fractura exposta. “Não basta que a dor passe para se ficar curado”, disse, acrescentando que é preciso “um programa de fisioterapia e um choque vitamínico”.

Em declarações ao PÚBLICO, António Costa defendeu que a União Europeia deve promover “programas específicos para recuperar o crescimento” dos países que estejam a sair de programas de ajustamento. Para que “recuperem o músculo”, sustentou, regressando ao exemplo da perna partida.  

Para isso, o autarca sugere a criação de mecanismos que permitam aos estados membros em causa assegurar a sua percentagem de financiamento dos projectos que beneficiam de fundos estruturais já que, ao contrário do que acontecia até aqui, agora isso conta para o endividamento.

António Costa considera que também “o esforço para a criação de emprego tem de ser superior” nos países que tiveram programas de ajustamento financeiro. Nesse sentido, o autarca sugere que a União Europeia reforce o Fundo Social Europeu ou bonifique em financiamento determinados projectos que gerem emprego, entre muitas outras “soluções possíveis”.    

O PÚBLICO viajou a convite do Comité das Regiões

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