Quercus quer ampliar Reserva das Dunas de S. Jacinto para o dobro

Reserva foi criada em 1979 com o objectivo de proteger os sistemas dunares.

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Nelson Garrido

A Quercus propõe que a área da Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, criada há 35 anos, seja ampliada para norte (concelho de Murtosa) para que fique com o dobro dos actuais 960 hectares.

Em comunicado em que assinala o 35.º aniversário da criação daquela reserva natural, a organização ambientalista defende igualmente que seja implementado um sistema de gestão partilhada da área natural com os municípios de Aveiro e da Murtosa, de modo a melhorar o seu funcionamento e reabilitar os habitats costeiros.

"A Quercus vem relembrar a importância da conservação e da preservação do património geomorfológico, florístico e faunístico dos ecossistemas dunares e alertar, mais uma vez, as entidades responsáveis e as populações que estes sistemas são as barreiras naturais fundamentais na protecção da costa, que impedem naturalmente e sem custos o avanço do mar e salvaguardam vidas humanas e bens", salienta o texto.

Para a Quercus, a criação da Reserva, em 1979, "foi uma iniciativa política arrojada do poder político da altura, na protecção de um dos sistemas dunares mais representativos em termos nacionais, mas também um dos mais bem conservados a nível europeu, possibilitando a conservação de habitats e espécies que hoje estão fortemente ameaçados pela concretização dos cenários associados às alterações climáticas e pela pressão humana sobre o litoral".

Numa retrospectiva do que foi feito de positivo e negativo desde a criação da Reserva das Dunas de S. Jacinto, a Quercus realça, nos anos 80, "a excelente aposta na formação e na educação ambiental, que permitiu estabelecer um polo de sensibilização activa das populações para as questões ambientais e prevenir impactes ambientais a que a zona está sujeita".

É o caso da elevada pressão humana, "devido à existência de algumas infra-estruturas no seu interior, nomeadamente parques de campismo, e à pressão do turismo balnear, situação que contribuiu para a degradação dos habitats".

O maior problema da Reserva Natural, segundo a Quercus, é a incapacidade do Estado em fazer cumprir o Plano de Ordenamento da Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, aprovado em Conselho de Ministros em 2005: "O insuficiente pessoal de apoio e de vigilância faz com que os visitantes vagueiem livremente pela "área de protecção total" e pela "área de protecção parcial" em total desrespeito pelos objectivos da reserva e da legislação em vigor".

Criticando a "inexplicável falta de investimento público", a Quercus observa que "todo o espaço de visitação acusa já uma grande degradação, por ausência de manutenção das infra-estruturas de apoio, de passadiços e da sinalização".

Outro dos problemas que aponta é "a infestação descontrolada de espécies vegetais exóticas invasoras, nomeadamente acácia, chorão e ervas das pampas, entre outras, que carece de um verdadeiro plano de acção que possibilite controlar de forma continuada estas espécies e recuperar os habitats característicos do sistema dunar".

A organização ambientalista antevê que a área protegida, localizada na faixa litoral, continuará a sofrer o impacte da escassez de sedimentos que chegam à costa, e considera a construção do aproveitamento hidroelétrico de Ribeiradio-Ermida, no rio Vouga, "um dos erros políticos mais clamorosos da política energética do país".

A médio prazo será "uma ameaça à preservação de todo o cordão dunar onde se encontra a Reserva, por poder agravar a situação já existente de défice de sedimentos que chegam à zona costeira".

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