Câmara de Vila Real quer acordo com Quercus para construção de estrada no Alvão

Hoje existe um caminho de terra batida, entre as aldeias do Barreiro (Mondim de Basto) e Lamas de Olo (Vila Real), que as populações querem ver transformada em estrada.

Foto
Mário Marques

A Câmara de Vila Real quer chegar a um acordo com a Quercus para a construção de uma estrada de um quilómetro no Alvão, sendo que os ambientalistas admitem agora a obra se a via ficar condicionada a moradores.

Dirigentes da Quercus entregaram nesta quarta-feira à autarquia um abaixo-assinado subscrito por 2002 pessoas que se opõem à construção de uma estrada, num local onde já existe um caminho de terra batida, entre as aldeias do Barreiro (Mondim de Basto) e Lamas de Olo (Vila Real), em pleno Parque Natural do Alvão (PNA).

A população de quatro aldeias da freguesia de Ermelo, Mondim de Basto, reivindica há mais de 20 anos esta estrada municipal de ligação a Vila Real. A via alternativa para a capital do distrito implica uma deslocação de mais 13 quilómetros.

No entanto, no Verão, antes de autarquia consignar a obra, a Quercus interpôs uma providência cautelar para travar a estrada.

Na semana passada, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela considerou improcedente a providência cautelar porque a “obra que se pretende parar não está em curso”.

“Vamos fazer todos os possíveis para que se chegue a um consenso e que seja do agrado de todas as partes”, afirmou o vereador Adriano Sousa aos jornalistas.

O autarca que herdou este dossier do anterior executivo, referiu que “nada está fechado” e que hoje ficou em aberto a possibilidade de se chegar a acordo.

“Apresentaram-nos um conjunto de questões que entendemos que são pertinentes, nomeadamente a questão do acesso condicionado e que nos fazem pensar que poderá haver uma solução de consenso”, salientou.

O dirigente da Quercus João Branco disse esperar também que “haja possibilidade de consenso”.

“Pode-se conciliar a estrada. Não nos opomos à estrada desde que esta seja com trânsito condicionado a moradores”, salientou.

É que, segundo acrescentou, “o problema é o trânsito que a estrada vai ter”.

Se não se chegar a um acordo, a associação garante que avança com uma nova providência cautelar mal a obra arranque no terreno e está também a preparar uma queixa para apresentar junto da Comissão Europeia.

A Quercus aponta várias críticas ao projecto que diz que colide com a preservação da natureza, já que se encontra previsto para “áreas sensíveis do Sítio de Importância Comunitária Alvão/Marão e “viola a integridade da zona de Protecção do Rio Olo”, que se insere no Plano de Ordenamento do PNA.

Para a associação, a construção desta via no Alvão “é mais uma infra-estrutura que trará efeitos negativos para as já ameaçadas alcateias, com a passagem de milhares de carros por ano em locais que actualmente têm uma intensidade quase nula de tráfego automóvel”.

Segundo informações da Câmara de Vila Real, o projecto, para ser aprovado, teve de dar resposta a um conjunto de requisitos que visam precisamente salvaguardar estas espécies.

Desta forma, a via, que vai aproveitar o traçado já existente, vai ser pavimentada em cubo e será ainda construído um pontão por cima do já existente.

João Branco salientou que a principal preocupação é a “pressão humana” que existe dentro do PNA, pelo que já adiantou que a Quercus se apõe também à classificação das Fisgas de Ermelo a Património Natural da Humanidade, enquanto não for criado um plano de ordenamento rodoviário do parque.

Esta candidatura foi anunciada pela Câmara de Mondim de Basto. As Fisgas de Ermelo são das maiores quedas de água da Península Ibérica e o cartão-de-visita do PNA.

Sugerir correcção
Comentar