Dádivas de sangue aumentaram 10,5% após apelo mas ainda é necessário reforço

Grupos zero negativo, zero positivo e A negativo são os mais necessários. Apelo dirige-se sobretudo a quem não dá sangue há mais de um ano, em especial os jovens.

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A incapacidade de armazenamento é o que dita a destruição do plasma Lara Jacinto/arquivo

O apelo urgente feito na semana passada pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) traduziu-se num aumento de 10,5% de dadores nas unidades de recolha e as reservas do grupo zero negativo e zero positivo, os que estavam mais em falta, já chegam agora para sete dias. Mesmo assim, o IPST apela a quem não dá sangue há mais de um ano que o vá fazer, pois os níveis ainda não são os ideais.

Num comunicado, o IPST agradece a colaboração da população na reposição das reservas de sangue e informa que houve nos três dias após o apelo “um aumento de 10,5% na presença de dadores em sessões móveis de colheita e nos postos fixos. Daí resultou que pôde o IPST voltar a ter reservas de sete dias para os grupos zero negativo e zero positivo”. O apelo incluía, ainda, o grupo A negativo.

“Esta melhoria não permite contudo um sentimento de segurança e comodidade, na medida em que o país consome diariamente cerca de mil unidades de sangue. Assim, as dádivas devem ser mantidas regularmente, sob pena de a situação poder evoluir negativamente em curto espaço de tempo”, sublinha o IPST.

Nesse sentido, o instituto insiste na importância de os dadores inactivos há mais de um ano, em especial os jovens, que voltem a fazer as dádivas de forma regular. “Sabemos que pode ser o momento que vivemos pouco propício ao gesto da dádiva de sangue, mas nunca nos poderemos esquecer que aquilo que se dá hoje, enquanto se pode e se é saudável para isso, pode ser necessário amanhã para o próprio ou para alguém mais chegado”, reforça a nota.

Na semana passada o presidente do IPST tinha explicado ao PÚBLICO que a tendência de quebra sentida em Janeiro foi mantida em Fevereiro. Helder Trindade confirmou que em Janeiro a quebra foi de 13% em termos de número de dadores e de 11% no número de unidades recolhidas, já que mesmo com menos dadores algumas colheitas conseguiram “compensar parte da perda”. Ao todo foram menos 1598 colheitas.

“Precisávamos de aumentar as colheitas em 60 unidades por dia para estarmos confortáveis, mas é importante que se diga que nenhum grupo está abaixo dos dez dias da reserva nacional”, disse Helder Trindade, que apelou também a que quem tem dádivas agendadas que cumpra o calendário, pois se todos antecipassem a data no futuro existiriam falhas.

Quanto às razões para esta quebra, o responsável referiu que “há uma certa sazonalidade nesta tendência”, sendo habitual que no arranque do ano as colheitas baixem sempre, tanto pelos casos de gripe (sobretudo em Fevereiro quando há um pico) “como pela menor receptividade das empresas onde nos dirigimos”, em parte por algumas pessoas terem por hábito dar antes do Natal. Porém, a juntar a este factor, Helder Trindade sublinhou que “a existência de menos jovens, a emigração, a menor satisfação social, dificuldades nos transportes e até em sair do trabalho”, têm sido também situações cada vez com mais peso e que vão levar o IPST a redesenhar a sua estratégia.

Em relação a dados de 2013, o IPST conseguiu fechar o ano com um total de 208.629 unidades recolhidas – um número que está em linha com o de 2012. Mas Helder Trindade alertou que tal só foi possível tendo em consideração que tiveram mais pessoas no terreno. Foi também lançada a plataforma “Dador”, que contribuiu para o aumento das dádivas, com a ajuda de uma aplicação para telemóvel, uma para Facebook e um site nos quais se encontram informações sobre o estado da reserva nacional de sangue, os grupos sanguíneos mais procurados no momento e os locais mais próximos para a dádiva.

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