As notícias da arte que terá sido deitada ao lixo são exageradas, diz curadora

Ala Roushan, curadora da Sala Murat, nega que empregada tenha deitado fora parte de uma instalação de arte de Paul Branca.

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Parte da exposição, que inaugurou no fim-de-semana DR

A curadora da exposição em Itália, onde uma empregada de limpeza terá deitado fora uma parte da instalação do artista norte-americano Paul Branca, achando que se tratava de lixo, veio desmentir o acontecimento, defendendo que houve um aproveitamento de algumas pessoas, e alguns meios de comunicação social, para comparar a arte contemporânea a lixo.

É verdade que faltava uma parte da instalação na Sala Murat, em Bari, mas o que aconteceu, conta à BBC a curadora Ala Roushan, é que as peças não tinham sido ainda desempacotadas.

“O trabalho real não foi visto pela senhora da limpeza”, garantiu à BBC a curadora, mostrando-se “chocada” com a atenção global que este evento “exagerado” despertou. Ala Roushan admite porém que algumas caixas, com peças dentro, estavam na sala da instalação para serem ainda montadas, tendo a empregada da limpeza considerado que seriam já lixo. Houve mesmo alguma coisa que se perdeu mas Roushan garante que a perda é mínima quando comparada com a escala da exposição, que inclui trabalhos de 59 artistas, curadores e escritores.

“Ela pensava que estava a deitar fora cartão e restos de papel”, continua a curadora, criticando a cobertura mediática, que considera ter-se tornado “completamente irrelevante e exagerada em relação ao que aconteceu”. Ala Roushan escusou-se a dizer o que é que foi então deitado fora, explicando apenas que estão a ser feitos contactos com os artistas e as galerias afectados.

Segundo as notícias dos últimos dias, a empregada de limpeza, que pertence a uma empresa privada, teria deitado para o lixo alguns componentes da instalação de arte de Paul Branca, imaginando que seria lixo ali acumulado por quem havia montado a exposição na véspera. Escreve a BBC que o valor da arte que se terá deitado fora andará à volta dos dez mil euros.

Ao que parece, um dos propósitos do artista era que a instalação interagisse directamente com o espaço, existindo por isso realmente o propósito que alguns elementos da exposição parecessem lixo espalhado no chão, naquilo que parecia constituir um convite para os visitantes pensarem questões como o meio ambiente e as paisagens contemporâneas cada vez mais degradadas e poluentes.

“Isto tornou-se também numa oportunidade para algumas pessoas expressarem o seu criticismo em relação à arte contemporânea”, aponta ainda Ala Roushan, explicando que alguns aproveitaram-se deste acontecimento para marcarem como a arte contemporânea se tornou tão irreconhecível “ao ponto de se parecer com lixo”.

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