Cerca de 600 militares sem consenso sobre "acções de luta"

Encontro em Lisboa não foi além da ideia da grande manifestação a realizar em Março.

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Rui Gaudêncio

Cerca de 600 militares oficiais reuniram-se este sábado em Lisboa para discutir os problemas que o sector está a atravessar, resultantes das medidas do Orçamento do Estado para este ano e para delinear caminhos para “resolver os problemas”. Mas não chegaram a definir novas acções de luta, além da grande iniciativa nacional prevista para Março e já anunciada na semana passada .

Ainda sem data e moldes definidos, mas apontada para o meio do mês de Março, a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) vai anunciar uma “iniciativa de grande dimensão que irá agregar toda a família militar - restantes Associações Profissionais de Militares (AMP) e ex-combatentes -, revelou Pereira Cracel, acrescentando que será uma acção que incluirá também a sociedade civil.

O encontro deste sábado, que estava previsto terminar às 19h – hora para que estava também prevista a entrega do manifesto com as conclusões da reunião - prolongou-se até depois das 21h, devido à falta de consenso dos militares nalguns “pontos fracturantes”, que o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), Pereira Cracel, não quis especificar. “Fez-se democracia aqui”, afirmou. Essa falta de consenso obrigou a que a primeira versão do manifesto tivesse de ser discutida e alterada.

 Antes do fim do encontro, o secretário-geral da AOFA garantiu aos jornalistas que o resultado da reunião não iria ser “mais do mesmo” e que esta era uma altura em que reclamava a união de todos. Questionado sobre se estariam a planear uma revolução, o secretário-geral afirmou que as revoluções não se anunciam, fazem-se. E frisou: “Na revolução de há 40 anos atrás usou-se a razão da força, agora temos de usar a força da razão”.

Em conversa com os jornalistas, o coronel Pereira Cracel reiterou as já conhecidas reinvidicações dos militares, a nível dos estatutos profissionais, de remunerações, pensões, promoções, carreiras e suplemento de residência, bem como a nível das “reposição das condições idênticas às que vigoravam em 2005, no que toca ao sistema de saúde, acção social complementar, fundo de pensões” e, inclusivamente, a gestão própria desses sistemas.

 “No contexto do espírito do que nós temos vindo a tornar público, de que os limites foram ultrapassados e que é tempo de dizer 'basta', a AOFA tudo fará” para inverter a situação, explicando que, apesar de os militares não fazerem política partidária, não são apolíticos, pelo que estão atentos e conhecem a realidade do país, dos portugueses e, sobretudo a dos militares, que acredita estarem a ser duplamente penalizados.

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