Açores, Madeira e vários municípios já anunciaram tolerância no Carnaval

Governo não dá tolerância no Carnaval mas autarquias e governos regionais podem decidir em sentido contrário.

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Os governos regionais dos Açores e Madeira, as câmaras de Lisboa e das três capitais de distrito do Alentejo - Beja, Évora e Portalegre - vão dar tolerância de ponto aos funcionários na terça-feira de Carnaval, a 4 de Março. Já a câmara de Torres Vedras incluiu nesta tolerância a segunda-feira, tendo em conta as tradições da cidade, que atraem 350 mil visitantes nos cinco dias do evento.

O Governo (PSD/CDS) decidiu não dar tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval aos funcionários públicos da administração central, pelo menos, durante a aplicação do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal. Já a tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval para os funcionários públicos da administração local está dependente de decisão dos executivos das câmaras municipais.

Na Madeira, e à semelhança de anos anteriores, o governo regional dá tolerância de ponto aos funcionários públicos na terça-feira de Carnaval (dia 4 de Março) e na quarta-feira de manhã (dia 5). Na sexta-feira que antecede o entrudo, o Funchal amanhecerá ao som de bandas filarmónicas e marchas carnavalescas prosseguindo a festa com espectáculos na Praça do Município durante cinco dias consecutivos. Na noite de sábado é a vez do grande cortejo alegórico sair à rua, com mais de mil participantes. A terça-feira de Carnaval é o dia em que na capital madeirense foliões irreverentes desfilam no cortejo trapalhão. 

Os trabalhadores da administração pública regional dos Açores têm também tolerância de ponto na terça-feira, informou o Governo Regional. Além disso, na ilha Terceira, há ainda tolerância de ponto na tarde de 3 de Março e na manhã de quarta-feira, dia 5 de Março. A tolerância de ponto na Terceira é justificada, num despacho do presidente do executivo açoriano, Vasco Cordeiro, pela “especificidade, importância e período tradicional de realização de danças e bailinhos característicos da ilha”, segundo um comunicado oficial.

A maioria CDU no executivo da Câmara de Beja decidiu dar tolerância de ponto aos funcionários na terça-feira de Carnaval "em respeito pela tradição", segundo o vice-presidente da autarquia, Vítor Picado.

A Câmara de Évora, também liderada pela CDU, além de dar tolerância de ponto aos seus funcionários na terça-feira de Carnaval, decidiu dispensar metade dos trabalhadores na véspera, segunda-feira, 3 de Março, e os restantes na quarta-feira, 5 de Março, disse fonte do município. Segundo a fonte da Câmara de Évora, os vários departamentos da autarquia estão a definir quais os funcionários que irão trabalhar e quais os que terão dispensa na segunda e na quarta-feira para que os serviços não parem nos dois dias.

A Câmara de Lisboa, liderada pelo PS, vai dar tolerância de ponto nos dias 3 e 4 de Março por considerar uma tradição de "relevante índole", diz António Costa num despacho a que o PÚBLICO teve acesso. Nos serviços essenciais, onde os trabalhadores não podem fazer ponto, beneficiarão destes dias noutra data a determinar.

 A maioria no executivo da Câmara de Portalegre, eleita pelo movimento Candidatura Livre e Independente por Portalegre (CLIP), também pretende dar tolerância de ponto aos funcionários na terça-feira de Carnaval, disse fonte do município. A proposta de tolerância de ponto vai ser discutida "dentro de dias" em reunião de câmara e deverá ser aprovada, pelo menos, pela maioria dos eleitos pela CLIP.

Em Torres Vedras, os funcionários municipais vão ter descanso na segunda e na terça-feira de Carnaval, dias em que os corsos vão sair à rua na cidade. Para demonstrar ao país e ao Governo a importância de voltar a haver tolerância de ponto nessa terça-feira, uma comitiva de mascarados, denominada "Embaixada da Boa Disposição Tolerante e liderada pelos reis do Carnaval, desloca-se no sábado a Lisboa, onde vai agradecer ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa por também dar o dia aos seus funcionários.

"A Embaixada nasce da necessidade de alertar para o facto de, pelo terceiro ano consecutivo, não ser dada tolerância de ponto no Carnaval, depois de já ter sido verificada a extrema importância que este representa para muitas economias locais", refere uma nota de imprensa do município.

Pelo segundo ano, a organização decidiu não cobrar bilhete no corso de terça-feira aos desempregados que comprovem a sua situação, "porque os tempos continuam difíceis", refere a autarquia, na mesma nota. Tendo em conta que o Centro de Emprego, o Tribunal de Trabalho e a estação dos CTT da cidade se encontram dentro do recinto do Carnaval, "haverá um acompanhamento feito por assistentes a todos os que na terça-feira necessitarem de ter acesso a estes serviços públicos", se estiverem a funcionar.

Sem esquecer a tradicional sátira político-social dos carros alegóricos, o “Carnaval mais português de Portugal” é este ano alusivo ao mundo da televisão e arranca no dia 28, com o corso escolar, com nove mil crianças e jovens. O evento conta este ano com um orçamento de 470 mil euros, mais 100 mil euros do que em 2013, ano em que, por força do tema, foi possível "reciclar" a maioria dos carros alegóricos, aproveitando a sátira político-social de anos anteriores.

O Carnaval, que foi sujeito a candidatura a património imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) por ser "o mais português de Portugal", mantém os habituais corsos diurnos e noturnos, em que desfilam oito carros alegóricos e milhares de foliões mascarados, muitos dos quais disfarçados de matrafonas (homens mascarados de mulheres), como é típico em Torres Vedras.

À semelhança de 2013, a entrada nos corsos diurnos de domingo e de terça-feira e os nocturnos de sábado e segunda-feira são pagos, custando a cinco euros o bilhete de um dia ou o livre-trânsito para todos os dias 10 euros, preços que não sofrem aumentos desde 2008. Depois dos corsos, a animação continua madrugada fora nos bares e em vários recintos ao ar livre da cidade. Segundo um estudo sobre o impacto económico, encomendado pelo município, o evento gera nove milhões de receitas na economia local durante os cinco dias.

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