Doentes continuam a esperar quatro meses por uma consulta hospitalar

Em 2013, hospitais fizeram mais cirurgias e urgências, mas diminuiram as consultas nos centros de saúde.

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Rui Gaudêncio

Os hospitais públicos estão a fazer mais consultas a pedido dos médicos de família, mas os doentes ainda têm que esperar cerca de quatro meses, em média, para serem atendidos por um especialista hospitalar. O tempo médio de resposta a um pedido de consulta enviado de um centro de saúde para um hospital diminuiu 2,4 dias entre 2012 e 2013, mas era ainda superior a 120 dias no final do ano passado, adianta a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) no último relatório de monitorização da actividade assistencial, divulgado na quarta-feira.

“Apesar da melhoria observada [na resposta aos pedidos de consulta referenciados pelos médicos de família para os hospitais], os tempos de espera continuam longe do desejável”, admite a ACSS no resumo da monitorização de Dezembro de 2013.

Criado em 2008, o sistema “Consulta a tempo e horas” estabeleceu prazos máximos para atendimento dos doentes no Serviço Nacional de Saúde (SNS) – 30 dias para consultas consideradas muito prioritárias, 60 dias para as prioritárias e 150 dias para as não prioritárias.

Em 2013, após uma monitorização a este sistema, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) concluiu que continuava a funcionar com muitos problemas e deficiências: 60% dos hospitais que responderam ao inquérito  da ERS alegaram ter falta de recursos humanos, sobretudo de médicos, para fazer face à procura. Ainda assim, no último balanço sobre esta matéria (relativo a 2012), o Ministério da Saúde garantiu que cerca de 70% das consultas se realizaram dentro dos tempos máximos de resposta garantida.

Mais urgências
Do ponto de vista da actividade assistencial,  os números agora divulgados pela ACSS apontam para um aumento de produtividade em quase todas as áreas face a 2012:  aumentaram  as consultas realizadas nos hospitais a pedido dos médicos de família (11,8%), cresceram as primeiras consultas e as consultas subsequentes nos hospitais, e foram realizadas mais cirurgias (2,8%).  Mais de metade (55,7%) destas cirurgias foram feitas sem necessidade de internamento hospitalar (em ambulatório), destaca a ACSS.

Em sentido contrário, em 2013 verificou-se uma ligeira redução das consultas nos centros de saúde (-0,1%). Diminuiram tanto as consultas presenciais como as “não presenciais”, tendo aumentado neste período apenas as consultas  domiciliárias.

Relativamente às urgências, em 2013 voltaram a ultrapassar a fasquia dos seis milhões (mais 2,2% do que em 2012). “A evolução da actividade de urgência hospitalar está muito dependente da sazonalidade dos surtos de doenças respiratórias infecciosas e ondas de calor”, justifica a ACSS. Em 2012, a procura das urgências diminuira substancialmente (passou de mais de 6,4 milhões de atendimentos em 2011 para 5,9 milhões), um indicador considerado positivo.

Já nas “urgências” dos centros de saúde, os serviços de atendimento permanente, prosseguiu o movimento descendente. Fizeram-se cerca de dois milhões de atendimentos em SAP, menos 312 mil do que no ano anterior.

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