Polícias voltam aos protestos, inconformados com aumento de 25 euros

Agentes da PSP e GNR sentem-se enganados já que a verba não cobre os cortes salariais médios de 200 euros. Prometem para 6 de Março uma manifestação na Assembleia da República, maior do que a de 21 de Novembro de 2013, quando invadiram a escadaria em frente ao Parlamento.

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A decisão terá impactos orçamentais que ainda não são claros Nélson Garrido

Os agentes da PSP e da GNR sentem-se enganados com a solução apresentada nesta segunda-feira para colmatar os cortes salariais. À terceira reunião com os sindicatos e associações representativas, o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, propôs um aumento de 25 euros no subsídio de fardamento de cada polícia. A resposta dos polícias passa por intensificar dos protestos com uma manifestação à porta da Assembleia da República (AR) a 6 de Março.

“Andaram a empatar-nos. Nada disto valeu a pena. Nós não somos mendigos. Só queremos ser considerados. Andar a negociar compensações de 25 euros para cortes de 200 é inaceitável. O pessoal sente-se enganado”, disse ao PÚBLICO o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG), César Nogueira, avançando que será mantida a manifestação. “Vamos ainda definir isso formalmente, mas deverá ser para a AR”, acrescentou.

Também o presidente da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda, José Alho, acusou o Governo de ter dado, afinal, aos polícias “uma mão cheia de nada”. Segundo o mesmo dirigente, o ministério voltou também a não apresentar o projecto da lei orgânica que voltaria a instituir a Brigada de Trânsito e a Brigada Fiscal na GNR. Daqui a dois meses, porém, são esperadas promoções para cerca de 500 elementos da GNR que antes não subiram de patente por falta de cabimento orçamental.

Entre os agentes da PSP, a revolta é semelhante. “Isto não foi uma negociação. Por isso recusamos ir às reuniões. Goraram as expectativas dos agentes. O Governo tinha criado expectativas de que estava a tentar encontrar uma solução. Vinte e cinco euros não dá para nada quando cortam 200. Com isto só conseguiram aumentar ainda mais a revolta”, disse o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues.

Este dirigente, que preferiria a obtenção de benefícios fiscais através da classificação da profissão como sendo de desgaste rápido, sublinhou ainda a certeza de que “a manifestação de dia 6 de Março será maior do a de 21 de Novembro [de 2013]” quando os agentes invadiram a escadaria da AR.

“Não queremos que nada de mal aconteça, mas nunca podemos garantir em absoluto nada”, admitiu o também secretário-nacional da Comissão Coordenadora Permanente (CCP) dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança.

Também na PSP, o Governo prometeu abrir concursos nos próximos meses para promover cerca de 500 agentes de todas as categorias. “Isso acaba por se traduzir num reforço financeiro”, apontou o secretário-geral do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP), Mário Andrade. Rodrigues argumenta contudo que “há pelo menos 4000 agentes que cumprem as condições para serem promovidos e que dar 25 euros por mês é uma esmola que podem retirar se cortarem o subsídio e passarem a dar o fardamento directamente”.

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