Passos faz “convite cívico” à oposição para entendimento

Primeiro-ministro defendeu em Castelo Branco que entendimento conjunto seria um sinal de maturidade de todos.

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Num dos encontros com Passos Coelho, em Outubro de 2013, o governador do Banco de Portugal explicou que a solução teria de passar necessariamente pelo afastamento de Ricardo Salgado Daniel Rocha

O primeiro-ministro fez este domingo um “convite cívico” para um “entendimento conjunto” entre Governo e oposição em muitas matérias, que faria com que a percepção de Portugal no exterior fosse “muitíssimo melhor” e ajudaria também a melhorar a imagem que os portugueses têm sobre a classe política e o sistema político.

Pedro Passos Coelho, que discursava durante a tarde em Castelo Branco, na comemoração dos 500 anos da Santa Casa da Misericórdia local, considerou mesmo que esse entendimento seria um sinal de “maturidade” e uma boa forma de assinalar os 40 anos do 25 de Abril.

“Se todos conseguirmos, a partir da realidade que vivemos, fazer concessões para podermos ter um entendimento conjunto, eu estou convencido que a percepção que do exterior poderia existir sobre Portugal seria muitíssimo melhor”, avisou Pedro Passos Coelho. Mas o resultado não seria apenas a nível externo. Também dentro de fronteiras seria uma “motivação”: “Teríamos muito mais pessoas a votar se tivéssemos capacidade para estar de acordo do que temos tido”. Até porque essa motivação será precisa para os próximos anos, tanto entre os cidadãos como entre as forças partidárias, já que “serão anos não menos decisivos” do que os que o país passou sob ajustamento.

Entre as questões a concertar está, por exemplo, a inscrição dos limites para o défice e a dívida na Constituição, o que reflecte a responsabilidade dos agentes públicos na gestão dos dinheiros que são de todos, realçou Passos Coelho que fez um paralelismo entre a exigência de cumprir limites financeiros no Estado e nas empresas e instituições sociais, como as misericórdias.

Tal como acontece entre o Governo e os parceiros sociais, vincou Passos, “devia ser na mesma com os partidos políticos: devíamos ter condições para nos sentarmos à volta de uma mesa e discutir o que é importante sem qualquer receio de dizermos quais são as nossas diferenças”. Porque isso “é um sinal de maturidade, quando se comemora 40 anos sobre o 25 de Abril, que cada um possa dizer claramente o que quer a todos os partidos”. E insistiu num convite, que é um convite cívico: o de nos podermos entender, a partir da realidade, sobre o médio prazo e o longo prazo”.

Passos fez questão de desdramatizar eventuais receios de que os partidos da oposição que acedam a um compromisso com o Governo possam ser castigados pelos seus militantes e simpatizantes. “Chegadas as eleições, manifestariam da mesma maneira as suas preferências”, afirmou o chefe do executivo que recusou a ideia de que ao aceder a um acordo “quem está no Governo ficaria com tudo e quem está na oposição ficaria sem nada. Não, não. Os portugueses sabem distinguir muito bem as coisas”, garantiu. E realçou: “A democracia trouxe-nos uma coisa fantástica que foi a possibilidade de corrermos com um Governo sem precisar de fazer uma revolução.”

Antes, à chegada a Castelo Branco, fora recebido por algumas dezenas de manifestantes que, com gritos, insultos e cartazes, consideraram a presença de Passos Coelho “uma ofensa para a população". "Consideramos que a vinda de ministros e deste primeiro-ministro ao distrito é uma ofensa [porque] têm feito uma política que está a empobrecer os trabalhadores e a população, e que está a contribuir para a desertificação do distrito", disse, citado pela Lusa, Luís Garra. O coordenador da União dos Sindicatos de Castelo Branco (USCB) e porta-voz dos manifestantes considerou os governantes – Passos ia acompanhado pelo ministro da Solidariedade, Pedro Mota Soares – “personas non gratas no distrito". "Aqui estamos para lhe dizer que a luta vai continuar até que ele se vá embora", acrescentou.

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