Portugal volta a crescer mais do que os parceiros europeus

Variação homóloga do PIB de 1,6% supera a média de 0,5% na zona euro. Algo que não acontecia desde 2009.

Foto

Depois de 13 trimestres com um desempenho do PIB mais negativo do que a média dos seus parceiros europeus, Portugal voltou no final do ano passado a registar um crescimento homólogo superior à zona euro. E foi mesmo, entre os países pertencentes à zona euro, em 2013, para os quais já há dados conhecidos, aquele que melhor resultado obteve neste período.

Portugal conseguiu uma variação homóloga do PIB de 1,6% no quarto trimestre, em comparação com um crescimento, no total da zona euro, de 0,5%, segundo a primeira estimativa do Eurostat. Portugal supera a Alemanha, que acelerou de um crescimento de 0,6% no terceiro trimestre para 1,4% no quarto. A Espanha passou de uma contracção de 1,1% para uma descida de 0,1%.

A economia portuguesa, que no terceiro trimestre tinha registado uma contracção em termos homólogos de 0,9% contra uma diminuição média do PIB da zona euro de 0,3%, é o país que melhor resultado consegue no final de 2013 entre os países pertencentes à zona euro. É verdade que a Letónia cresceu 3,6%, mas este país apenas passou a fazer parte da zona euro a partir de 1 de Janeiro de 2014. No entanto, é ainda de notar que alguns dos países que melhores resultados tinham conseguido já no terceiro trimestre, como a Irlanda (1,7%), Luxemburgo (2,8%) ou Malta (2%), ainda não apresentaram dados relativos ao quarto trimestre.

No crescimento em cadeia, o crescimento de 0,5% registado por Portugal no quarto trimestre de 2013 (a média da zona euro foi de 0,3%) é também a mais alta entre os países da zona euro que já divulgaram resultados.

Este desempenho acima dos seus parceiros europeus tem sido muito raro durante a última década em Portugal. Houve apenas um período, entre o terceiro trimestre de 2008 e o segundo trimestre de 2010 em que Portugal conseguiu regularmente registar taxas de crescimento homólogas mais positivas que a média da zona euro. Isso aconteceu no momento em que a crise financeira internacional – desencadeada pelo colapso dos créditos subprime nos Estados Unidos – lançou a grande maioria das economias mundiais para uma recessão profunda.

Portugal não escapou a essa queda, mas conseguiu resistir melhor que as maiores potências da zona euro como a Alemanha ou a França. Isso aconteceu porque Portugal respondeu com uma política orçamental mais expansionista e porque o impacto imediato no sector bancário (o português estava menos exposto ao subprime) foi menor.

No entanto, a partir da segunda metade de 2010, com os problemas orçamentais na Grécia cada vez mais expostos, chegou a crise da dívida soberana europeia. Portugal foi pressionado pelos mercados e pelos parceiros europeus a inverter por completo a sua política orçamental e a adoptar medidas drásticas de austeridade. A economia afundou, enquanto a zona euro como um todo, impulsionada pela Alemanha, conseguia manter taxas de crescimento positivas.

A descida mais acentuada da economia, no caso português, aconteceu no final de 2012, ao passo que para a Europa foi em 2009. É isso que pode explicar que agora, numa altura em que o consumo privado sai dos mínimos, Portugal esteja a registar taxas de variação homólogas mais altas que os seus parceiros. Falta saber se conseguirá manter esta convergência durante muito mais tempo. A Comissão Europeia, nas suas previsões para este ano e os próximos, continua a colocar Portugal como um dos países da zona euro com taxas de crescimento mais baixas. 

Sugerir correcção
Comentar