Barroso avisa que referendo na Suíça é pior para os suíços

Presidente da Comissão Europeia diz que decisão da consulta popular terá "consequências graves" para o país.

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"Não é justo que um país tenha todas as vantagens e não queira dar aos seus parceiros o mesmo tipo de vantagens", disse Durão Barroso FABRICE COFFRINI/AFP

O povo suíço aprovou em referendo a limitação da entrada de cidadãos da União Europeia, mas quem vai pagar a factura é o próprio país, avisou nesta terça-feira o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

Depois das críticas de vários ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia ao resultado da consulta popular de domingo, Barroso saltou agora para a linha da frente do cerco à decisão suíça, lançando sérios avisos sobre o futuro das relações entre Bruxelas e Berna.

"É fácil perceber que é muito mais importante para a Suíça ter acesso a este mercado [União Europeia], que é o maior do mundo, do que para a UE ter acesso à Suíça, que é um país muito importante", disse o presidente da Comissão Europeia na cimeirasobre a Zona Euro organizada pela agência Reuters.

A vitória do "sim" no referendo de domingo terá "consequências graves", disse Barroso, sem avançar detalhes sobre a aplicação de possíveis sanções.

Mas ficou o aviso: "Em termos de reciprocidade, não é justo que os cidadãos suíços gozem de liberdade de circulação sem restrições na União Europeia. Não é justo que um país tenha todas as vantagens e não queira dar aos seus parceiros o mesmo tipo de vantagens."

Durão Barroso revelou também surpresa com as declarações do primeiro-ministro britânico, David Cameron, em defesa de mais restrições à liberdade de circulação, em particular de cidadãos romenos e búlgaros.

"Não podemos ter um mercado interno sem liberdade de circulação", afirmou o presidente da Comissão Europeia, em resposta à vontade de Londres de renegociar os termos da adesão do Reino Unido – no ano passado, o primeiro-ministro britânico prometeu perguntar aos cidadãos, em referendo, se querem continuar a ser membros da União Europeia, se o seu partido for reeleito nas legislativas do próximo mês de Maio.

"Espero que consigamos encontrar uma solução para as preocupações britânicas. Acredito que o Reino Unido vai continuar a fazer parte da União Europeia. Mas, como é evidente, quando se iniciam processos deste tipo, há sempre riscos que não consigo antecipar", disse Durão Barroso.

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