Representantes de laboratórios ouvidos no Parlamento

Deputados da Comissão de Educação, Ciência e Cultura ouviram alertas sobre a situação do emprego científico e o risco da mudança das políticas para a ciência em Portugal.

Foto
A diminuição de bolsas causou uma onda de contestação Daniel Rocha (arquivo)

O presidente do Fórum dos Conselhos Científicos dos Laboratórios do Estado, Pedro Reis, alertou nesta terça-feira, no Parlamento, para a precariedade laboral científica, apontando o exemplo de investigadores que são bolseiros há cerca de 20 anos.

Pedro Reis, que hoje foi ouvido na comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, lembrou as "situações precárias" de investigadores que são bolseiros há 17, 18 e 19 anos e "em risco de saírem dos laboratórios". A seu ver, "qualquer redução de uma pessoa" nas equipas "pode ter um efeito muito grande" na investigação em curso.

A pedido do PS, Pedro Reis falou sobre os riscos e as ameaças que pairam sobre o sistema científico e tecnológico nacional. Aos deputados, voltou a recordar que "não há progressão de carreiras" desde 2000 e enfatizou o corte, este ano, face a 2013, de quase 50% no orçamento do Instituto de Investigação Científica e Tropical (IICT), que "põe em causa o funcionamento da instituição".

Na comissão, Pedro Reis pediu soluções para o IICT e uma excepção à Lei dos Compromissos, para que os laboratórios do Estado possam ter mais margem de manobra para adquirir bens e serviços essenciais.

Alexandre Quintanilha, coordenador do Conselho dos Laboratórios Associados (uma rede de 26 laboratórios do país), também foi ouvido naquela comissão. O investigador sustentou que, sendo a ciência um sector cuja confiança "leva muito tempo a construir", as alterações ao modelo de investimento devem ser "muito mais graduais e cuidadosas".

Os cientistas portugueses "trabalham com metade do investimento europeu", explicou Alexandre Quintanilha e, sem eles, "muitas das exportações" do país "não existiriam". O docente do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto, sublinhou que apenas uma patente em cada cem mil dá lucro, sendo que Portugal produz 100 a 200 patentes por ano, a maioria nas universidades.

A audição do presidente do Fórum dos Conselhos Científicos dos Laboratórios do Estado e do coordenador do Conselho dos Laboratórios Associados surge semanas depois de se saberem os resultados das candidaturas a bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento do concurso de 2013 da FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia). O pequeno número de bolsas atribuído foi um choque dentro da comunidade científica e originou  muitas críticas.
 
 

Sugerir correcção
Comentar