Ranking dos hospitais: resultados inesperados nos cancros

Especialistas consideram ranking pouco adequado para avaliar tratamento deste tipo de doenças.

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O IPO do Porto é a sede inicial da Plataforma Oncológica Fernando Veludo/Arquivo

No grupo das “doenças neoplásicas”, o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra e o IPO (Instituto Português de Oncologia) do Porto são os líderes, mas os IPO de Coimbra e de Lisboa nem sequer aparecem na lista dos cinco primeiros.

Quando se olha para a avaliação em vários tipos de cancro, há resultados que ainda podem ser mais surpreendentes, pelo menos para um leigo. No cancro da próstata, por exemplo, as posições de topo são ocupadas pelo Centro Hospitalar da Cova da Beira e pela Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano e, nos cancros da mama e do pulmão, o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro surge no quarto e no terceiro lugar, respectivamente.

”Na área da oncologia este ranking não serve, está feito para doenças agudas, não para doenças crónicas e não avalia os episódios de ambulatório [sem internamento] quando a maior parte do tratamento é hoje feito em ambulatório”, defende o coordenador do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, Nuno Miranda.

“Esta avaliação não está centrada no processo do doente, é feita com episódios de facturação, os Grupos de Diagnóstico Homogéneo (GDH)”, critica ainda. Como se explica que estejam em primeiro lugar no cancro da próstata unidades que nem sequer fazem radioterapia, pergunta o médico, para quem uma avaliação nesta área terá que passar pela análise da qualidade de vida dos doentes e do cumprimento das normas de orientação clínica, entre outros aspectos.

Nuno Miranda avança com outro exemplo para justificar a sua opinião: "As  readmissões não são, nesta área, um indicador particularmente interessante, porque até são muitas vezes índices de boa qualidade". 

O coordenador do estudo, Carlos Costa, retorque que a avaliação é feita a partir dos resumos informatizados de alta dos hospitais disponibilizados pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e pela Direcção-Geral da Saúde. Estes resumos de alta são feitos por médicos, codificados por outros médicos, e depois auditados por duas vezes, por médicos das unidades hospitalares e da ACSS e não servem apenas para o financiamento, mas também para estudos epidemiológicos, frisa.


 

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