Nada mudará na estrutura. O número de palcos são os mesmos, o Optimus, o Super Bock, o Pitchfork e o All Tomorrow’s Parties, bem como a respectiva localização. A identidade não muda igualmente: a atenção ao que de mais relevante vai acontecendo no cenário musical da actualidade, a que se juntam os nomes que, no passado, fizeram a história da música popular urbana. Ty Segall, Caetano Veloso, The National, Godspeed You! Black Emperor, Kendrick Lamar, Haim, Pond, St. Vincent ou os históricos Television a interpretar o igualmente histórico Marquee Moon são alguns dos destaques da terceira edição do Optimus Primavera Sound, que se realiza entre 5 e 7 de Junho no Parque da Cidade, no Porto.

Não havia de resto, razões para mudar. Afinal, o Optimus Primavera Sound, nascido em Barcelona em 2001 e que em 2011 passou a realizar-se também no Porto, transformou-se em duas edições num dos pontos altos da temporada dos festivais de música portugueses.

Conhecido há cerca de uma semana o cartaz da edição 2014 do Primavera Sound de Barcelona, que se realizará entre 26 de Maio e 1 de Junho, os melómanos portugueses passaram os dias seguintes a conjecturar: entre aquelas centenas de nomes, quais fariam também viagem até ao Porto? A resposta chegou ao final da tarde de sexta-feira com a divulgação do cartaz em conferência de imprensa na Câmara Municipal do Porto, reconhecimento da autarquia agora presidida por Rui Moreira de um acontecimento seguido atentamente pela imprensa especializada além-fronteiras e que atrai à cidade não só público de todo o país, mas também milhares de visitantes estrangeiros.

O cartaz do Primavera 2014 não apresenta algo como a reunião histórica dos Blur a que assistimos o ano passado (ou uns monstros sagrados como Nick Cave & The Bad Seeds). Mas trará até nós, como já era conhecido, os Pixies, ícones do rock independente americano reunidos para nova vida há uma década, e os Neutral Milk Hotel, banda de culto intenso e crescente desde a recuperação de In The Aeroplane Over The Sea, editado em 1998. E dará espaço a duas gerações do mais fino quilate da música brasileira: o mestre Caetano Veloso (estará antes, a 28 de Abril, no Coliseu de Lisboa) e o discípulo Rodrigo Amarante, ex Los Hermanos. Muito curiosidade gerará certamente a presença em cartaz de Kendrick Lamar, um dos nomes mais cintilantes da nova vaga do hip hop norte-americano, culpa do magnífico Good Kid, M.A.A.D. City, editado em 2012 – curiosidade por vê-lo em palco e por perceber como se integrará num contexto do qual o hip hop costuma estar ausente.

Neste momento, dado que os horários e alinhamento dos palcos só serão conhecidos mais próximo do início do Optimus Primavera Sound, ainda não é possível cumprir o habitual ritual de programação do dia-a-dia do festival. Podemos então acreditar que será possível ver tudo: a pop açucarada das três irmãs Haim; o melhor rock’n’roll que São Francisco tem para oferecer com Ty Segall; o pós-rock dos God Speed! You Black Emperor, Mogwai ou Slint; o intenso rock psicadélico vindo do Chile dos Föllakzoid; a armada shoegaze composta pelos Loop e pelos regressados Slowdive; o pop-rock tingido a negro das Dum Dum Girls e a intensidade etérea das Warpaint (que passam dia 1 de Março pela Aula Magna, em Lisboa).

Num cartaz que inclui, quanto a nomes portugueses, os You Can’t Win Charlie Brown, HHY & The Macumbas e os inéditos Os da Cidade (ou seja António Zambujo, João Salcedo, Miguel Araújo e Ricardo Cruz), a expectativa é grande para ver os Pond, banda saída do mesmo molde dos celebrados Tame Impala, ou Charles Bradley, o soul man de alma imensa e história impressionante que iniciou oficialmente a sua carreira já sexagenário. Atenção igualmente para St. Vincent, com álbum homónimo a sair brevemente e para as canções de muito falada Sky Ferreira. Isto sem esquecer a actualização dos Happy Mondays feita pelos Jagwar Ma (estiveram em Paredes de Coura o ano passado), o folk-rock de vistas amplas dos Midlake ou o pop-rock de travo clássico dos Spoon.

Como sempre acontece, dadas as diferenças de dimensão entre a edição catalã e portuense, ficamos sempre a lamentar algumas ausências no Parque da Cidade, como a do veterano Dr. John, de Mick Harvey a tocar as canções de Serge Gainsbourg, da revelação hip hop Earl The Sweatshirt, ou dos heróis indie Real Estate ou The War On Drugs. Concentremo-nos no que fica. E o que fica, como tem sido hábito, tem os mais diversos pontos de interesse e uma identidade que sobressai entre a diversidade programada.

Os passes para o festival têm o preço de 90€ até dia 17 de Fevereiro. A partir de dia 18, passam a custar 105€. 

O cartaz completo é o seguinte:

QUINTA-FEIRA, 5 DE JUNHO

Caetano Veloso, Haim, Jagwar Ma, Joana Serrat, Kendrick Lamar, Os Da Cidade, Rodrigo Amarante, Spoon

SEXTA-FEIRA, 6 DE JUNHO

Bicep, Courtney Barnett, Darkside, Föllakzoid, Godspeed You! Black Emperor, HHY & The Macumbas,  John Wizards, Loop, Midlake, Mogwai, Pixies, Pond, Shellac, Sky Ferreira, Slowdive, Television performing Marquee Moon, Todd Terje, Trentemöller, Visions Fortune, Warpaint, You Can't Win, Charlie Brown

SÁBADO, 7 DE JUNHO

!!! (chk chk chk), Charles Bradley, Cloud Nothings, Dum Dum Girls, Eaux, Glasser, Hebronix, John Grant, Lee Ranaldo & The Dust, Mas Ysa, Neutral Milk Hotel, Pional, Refree, Slint, Speedy Ortiz, St. Vincent, Standstill, The National, Torto, Ty Segall, Yamantaka // Sonic Titan