Prédios da Colina de Santana podem ter problemas estruturais

Margarida Saavedra defende "a execução imediata de um plano de salvaguarda" da zona e a realização de uma obra de reforço estrutural para travar o deslizamento de terras.

A segunda secretária de Assembleia Municipal de Lisboa entende que o município não deve aprovar os pedidos de informação prévia existentes para a Colina de Santana sem ter a garantia de que as operações de loteamento previstas não põem em causa a segurança dos prédios desta zona e de quem lá vive. Até porque, alerta Margarida Saavedra, muitos desses imóveis sofrem já hoje de patologias decorrentes do abatimento das suas fundações.

“É como uma cómoda à qual falta um pé”, explica a arquitecta aos jornalistas, durante uma visita pelas ruas estreitas e inclinadas da Colina de Santana. Ao longo do percurso, entre o Rossio e o Hospital de S. José, Margarida Saavedra vai apontando as patologias de que fala: fachadas cobertas de fendas verticais, paredes com “barrigas”, portas e varandas inclinadas e aros de janelas partidos, entre outras.

“Quase todos os edifícios, em maior ou menor grau, apresentam estas patologias”, constata, acrescentando que tal “indica um assentamento das estruturas, indica que pelo menos uma das fundações abateu”. E, sublinha Margarida Saavedra, nem edifícios recentemente reabilitados escapam a esse mal, como se comprova, por exemplo, ao passar pela Calçada do Garcia ou pela Calçada de Sant’Ana.

“Quando isto acontece em edifícios sucessivos, significa que toda a zona está com problemas abaixo do solo”, conclui a arquitecta. Face a isto, a segunda secretária da assembleia municipal, eleita pelo PSD, entende que a Câmara de Lisboa deve determinar “a execução imediata de um plano de salvaguarda, pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil ou pelo Instituto Superior Técnico”.

Margarida Saavedra sublinha a importância de isso acontecer antes de o município dar luz verde aos quatro pedidos de informação prévia apresentados pela Estamo, a imobiliária de capitais exclusivamente públicos que é proprietária dos terrenos dos hospitais de Santa Marta, Capuchos, S. José e Miguel Bombarda. “Uma vez aprovados, concedem direitos ao proprietário”, lembra, afirmando que “a câmara não deve assumir compromissos sem ter a garantia de que a Colina de Santana não vai sofrer consequências”.  

Face àquilo que verificou no local, a arquitecta acredita que será necessário, antes da realização de qualquer intervenção naqueles terrenos, o município promover “uma obra de reforço estrutural”, para “estacar o movimento tendencial desta zona para deslizar”. “O risco será maior quanto mais tarde tomarmos estas medidas”, conclui Margarida Saavedra.

Quanto ao fecho anunciado dos hospitais existentes na Colina de Santana, e à sua concentração num novo equipamento em Marvila, a arquitecta não assume para já qualquer posição. “Não podemos ter preconceitos em relação às mudanças”, diz, admitindo que esta vai ser “uma mudança fundamental para a cidade”.

Margarida Saavedra entende que aquilo que é fundamental neste momento é que se pesem os custos e os benefícios que essa alteração vai ter e que se avalie se as propostas apresentadas pela Estamo vão ou não contribuir para a “revitalização” da Colina de Santana. 
 
 

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