Rajoy diz que já há condições para Espanha avançar com reforma fiscal

Evitado o resgate financeiro, Rajoy fala de uma nova fase de esperança, confiança e reformas no encerramento da Convenção do Partido Popular.

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Mariano Rajoy optimista no encerramento da Convenção do Partido Popular AFP/Cesar Manso

O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, prometeu avançar com uma reforma fiscal “para estimular o crescimento e o emprego”, mas não adiantou quais os contornos desse projecto nem quando será apresentado.

“Essa é a reforma que estamos a preparar, agora que começamos a crescer”, informou Mariano Rajoy, na sua comunicação de encerramento da Convenção do Partido Popular, em Valladolid. O presidente não se referiu ao conteúdo da reforma no seu discurso deste domingo, mas na véspera, num encontro com a juventude partidária, indicou que o plano passará por uma redução progressiva dos impostos.

“Será uma reforma integral que estimule o crescimento, de acordo com a recuperação do país. Não será um mero retoque ou ajuste em baixa: trata-se de criar um novo sistema mais simples que sirva para reactivar a actividade económica e a poupança”, indicou, lembrando que esse “programa concreto” já figurava no seu programa eleitoral.

Rajoy desenvolveu a sua intervenção em duas linhas de força: uma de satisfação e optimismo com a melhoria da situação económica de Espanha, e outra de duras críticas à oposição – quase sempre apontando o dedo ao secretário-geral do PSOE, Alfredo Rubalcaba. “Temos de comparar o que temos hoje com o que encontrámos há dois anos, porque a memória é muito volátil, especialmente quando convém”, sublinhou o líder conservador. “O panorama há dois anos era desolador, a Espanha estava a cambalear à beira da bancarrota”, referiu.

Segundo insistiu, foram as políticas desenvolvidas pelo seu Governo – e principalmente a sua decisão de resistir à pressão externa para avançar com um pedido de resgate financeiro – que permitiram ultrapassar o que classificou como um estado de resignação e desânimo para projectar um novo ciclo que disse ser de esperança, confiança e reformas.

“Fizemos o que devíamos, o que era mais responsável, não o que era mais cómodo ou mais fácil”, declarou, assinalando os sacrifícios e as “medidas muito drásticas” que os espanhóis suportaram para evitar a intervenção estrangeira. “Tomamos decisões ingratas mas equitativas, e com isso conseguimos preservar os serviços públicos como a educação e a saúde, que continuam e continuarão a ser universais, públicos e gratuitos”, frisou. “Os sacrifícios não foram debalde. A economia que se encolhia agora cresce. O país reatou a marcha”, proclamou.

“Os espanhóis resgataram-se a si próprios. Finalmente, a Espanha vai deixar esta crise para trás”, vaticinou. O presidente do PP disse que, durante esse percurso, as críticas e os ataques ao seu Governo não o incomodaram, a não ser aquelas que vieram do seu principal adversário socialista. Aliás, não resistiu a tratá-lo por tu para o aconselhar: “Ou te calas ou reconheces o mérito que tivemos.”

Como analisava a imprensa espanhola, o principal objectivo de Rajoy e do Partido Popular, com a realização de uma Convenção Nacional de “escasso conteúdo político”, era fazer uma “terapia colectiva” de motivação e auto-estima, e lançar um apelo à unidade das bases do partido – afectado por escândalos de corrupção e pressionado pela debandada dos sectores mais conservadores para um novo partido à direita, chamado Vox. O seu Governo também se encontra na defensiva: a controvérsia causada pela sua proposta de reforma da lei do aborto tomou conta do debate público, relegando para segundo plano as notícias sobre a recuperação económica.
 

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