"Praxes estúpidas e violentas não devem ter lugar no ambiente universitário", diz Paulo Portas

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Paulo Portas Nuno Ferreira Santos

O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, entende que praxes "estúpidas, perigosas, coercivas ou violentas" não devem ter lugar "no ambiente universitário".

O líder do CDS-PP falava à saída de uma conferência sobre a liberdade de escolha de frequentar o ensino público ou privado, que teve lugar no Colégio de S. João de Brito, em Lisboa.

Antigo aluno do estabelecimento de ensino, Paulo Portas disse esperar que as conversas do ministro da Educação com as associações académicas a propósito deste assunto dêem resultados.

"Quando os pais colocam um filho na universidade devem ter a tranquilidade de esperar que praxes estúpidas e perigosas não aconteçam", observou, acrescentando que as instituições de ensino superior devem zelar pela segurança dos seus recintos.

Também o presidente do Conselho Nacional de Educação, David Justino, se pronunciou sobre o assunto à margem do mesmo debate. Num registo bastante diferente do de Paulo Portas, o ex-ministro da Educação criticou a forma como o país está a lidar com o caso dos seis jovens que morreram no Meco na madrugada de 15 de Dezembro, em circunstâncias ainda por explicar. David Justino entende que o julgamento que está a ser feito na praça pública sobre estas mortes “é grave e colide com os direitos humanos”.

"Se há um ilícito criminal, é uma questão de Justiça. Se está em causa uma desconformidade ética, a questão é da instituição de ensino superior", resumiu. "Mas agora já andam a falar em alterar o estatuto do aluno. Eu abomino praxes. Mas tenho de respeitar a liberdade de quem queira associar-se para as fazer ", defendeu o consultor do Presidente da República.  

Habitantes do Meco “inventam”
Entretanto, numa entrevista ao programa Sexta às Nove, da RTP, membros do conselho de praxe académica da Universidade Lusófona garantiram que não esteve mais ninguém no Meco além do grupo dos sete colegas apanhados pelas ondas.

Explicaram que outros três tinham, efectivamente, planeado ir também lá passar o fim-de-semana mas acabaram por desistido. E negam alguma vez terem praticado um ritual que incluísse fazer perguntas aos praxados com eles de costas voltadas para o mar, obrigando-os a aproximarem-se da água à medida que fossem errando as respostas.

Segundo estes estudantes, o código de praxe proíbe pôr em risco a integridade física ou psicológica. Um dos entrevistados, Fábio Jerónimo, diz ter trocado mensagens com o sobrevivente já depois da tragédia: “Disse-me que eu o conhecia bem para saber que nunca poria os colegas em risco”.

Quanto ao facto de alguns moradores do Meco contarem ter visto os estudantes a rastejar no chão, com pedras nos tornozelos, Fábio Jerónimo responde que os habitantes “estão a inventar”.

“Queremos respeitar a memória dos nossos colegas e poder viver o nosso luto”, declarou o mesmo aluno. Para pertencer ao conselho de praxe da Lusófona os estudantes têm de assinar um termo de responsabilidade.


 

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