Câmara do Porto lança concurso para director do Rivoli em Fevereiro

Rui Moreira tinha assumido para o seu próprio executivo o prazo de 90 dias para o lançamento do concurso.

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Durante a campanha das autárquicas, Rui Moreira defendeu que o Rivoli devia assumir-se como teatro municipal e não como mera "barriga de aluguer" de espectáculos avulsos Paulo Pimenta

A Câmara do Porto já tem praticamente pronto o programa do concurso para o futuro director de programação do Teatro Municipal Rivoli e fonte da autarquia garante que este será “publicitado muito brevemente, em Fevereiro”. O escolhido será responsável quer pelo Rivoli quer pelo Teatro do Campo Alegre.

A manutenção do Rivoli como teatro público e a escolha do futuro director através de um concurso público faziam parte das propostas dos candidatos Rui Moreira (independente) e Manuel Pizarro (PS), que acabaram por assinar um acordo pós-eleitoral para garantir uma maioria no executivo. Depois da vitória nas autárquicas, Rui Moreira apontara o prazo de 90 dias, após a tomada de posse, como “o período normal” para que fosse lançado o concurso. O prazo expirou há poucos dias, mas o município garante que o processo está quase concluído.

“Os procedimentos para a abertura do concurso e a sua publicação foram lançados há um mês. Esteve-se a traçar o perfil do futuro director de programação”, esclarece fonte da câmara, assegurando que esse perfil “é muito aberto, não é feito à medida de ninguém”, e que se espera que o futuro director do Rivoli “contribua para o modelo de teatro” que ali será implementado.

A expectativa da autarquia é que o processo seja célere. “Até à Primavera, teremos director”, acrescenta a mesma fonte camarária. Certo é que o escolhido será responsável pelo Rivoli e pelo Campo Alegre – os dois pólos do mesmo teatro municipal, como já tinha defendido, em entrevista ao PÚBLICO, o vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva. “A intenção é ter uma pessoa responsável pelos dois pólos. Ao dirigir ambos, perceberá mais claramente que os dois espaços têm identidades próprias, e isso vai obrigá-la a programá-los diferentemente”, disse em Novembro o vereador.

Na mesma entrevista, dada algumas semanas após a tomada de posse, Paulo Cunha e Silva identificava o Rivoli como “um problema gigantesco”, por causa dos custos associados, e garantia que o programa de concurso para o director de programação do teatro estava “a ser preparado”. O responsável da Cultura vincou que a câmara não queria um director artístico. “Não quero um director artístico nem um programador. Um director de programação tem mais autoridade do que um programador, mas não tem uma política de gosto definida.”

La Féria deixou o espaço
A vereadora do PS Carla Miranda, que participou na elaboração do acordo pós-eleitoral, defendeu, durante as negociações, que o município lançasse um concurso para um director artístico, mas alegra-se com o facto de o processo estar a avançar. “Saúdo essa notícia, porque, de facto, fazia sentido que o Rivoli viesse a ser trabalhado brevemente. O lançamento de um concurso para encontrar um director para o Rivoli faz parte do acordo de coligação, foi uma aposta nossa e eu tinha a certeza de que o dr. Rui Moreira estaria atento e disponível para que o assunto se resolvesse rapidamente”, diz.

O Teatro Municipal Rivoli esteve, entre 2007 e 2010, durante a presidência de Rui Rio, entregue à empresa Todos ao Palco, de Filipe La Féria. O encenador acabaria por deixar o espaço, no meio de acusações de dívidas a actores e pessoal técnico. Desde 2010 que a programação tem sido avulsa e sem uma direcção artística própria.

Em Novembro, na referida entrevista que deu ao PÚBLICO, Paulo Cunha e Silva manifestou o desejo de dotar o Rivoli de uma programação provisória, até à designação de um director de programação. “Tenho uma ideia para estes primeiros meses em que o Rivoli ainda não terá um director: chama-se O Rivoli Já Dança e passa por convocar as estruturas municipais e nacionais envolvidas com a dança”, disse. Até à data, contudo, não foi anunciado qualquer programa relacionado com este projecto.

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