Tesouro tenta obter mais 9750 milhões em dívida de longo prazo este ano

Tesouro já conseguiu um quarto do montante máximo previsto para emissões de Obrigações do Tesouro.

Foto
Bolsas europeias iniciaram o dia em alta Foto: Patrícia de Melo Moreira/AFP

Depois de um primeiro teste nos mercados de dívida no ano em que termina o resgate financeiro negociado com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, o Tesouro português tem ainda pela frente o desafio de levantar até 9750 milhões de euros em Obrigações do Tesouro ao longo de 2014.

No programa de financiamento da República para este ano, o IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública calcula o montante das necessidades de financiamento líquidas do Estado em cerca de 11.800 milhões de euros. Para sondar o apetite dos investidores e procurar normalizar o acesso ao financiamento de longo prazo, a agência liderada por João Moreira Rato inscreveu como objectivo conseguir entre 11 mil milhões e 13 mil milhões de euros em obrigações.

Uma quarto deste montante (3250 milhões de euros) foi conseguido numa emissão de dívida a cinco anos, a 9 de Janeiro, onde o Tesouro suportou um juro de 4,65%.

Com isto, e uma vez que o financiamento para este ano está quase coberto graças a outras fontes de financiamento (como títulos de dívida de curto prazo ou produtos de aforro dirigidos ao retalho), o Tesouro poderá assim começar a acumular reservas para 2015, o primeiro ano completo em que já não receberá financiamento no quadro do actual empréstimo de 78 mil milhões de euros da troika. Até agora, da UE e do FMI, Portugal já recebeu 72.900 milhões, ou seja, 93% do total. Por este montante, e considerando já o custo das comissões associadas aos empréstimos, a taxa de juro média é de 3%.

A realização de emissões regulares de dívida de longo prazo é um dos critérios que Portugal deve cumprir e que será tido em conta pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade e pelo Banco Central Europeu, no caso de o Governo optar por solicitar a activação de um programa cautelar.

Já no ano passado o Tesouro começou por realizar uma emissão de dívida a cinco anos em Janeiro. Para isso contou, tal como agora, com o apoio de um sindicato de bancos para gerir a emissão, tendo assim mais garantias de que a operação é bem sucedida. E em Maio seguinte faria um novo teste aos mercados, ao emitir dívida a dez anos, igualmente numa operação sindicada.

Desde a chegada da troika, Portugal ainda não realizou emissões de dívida de longo prazo convencionais, ou seja, sem o suporte de um grupo de bancos que conseguem medir antecipadamente qual a procura dos investidores. Mas o objectivo é começar já este ano a combinar “sindicatos e leilões” de Obrigações do Tesouro, como refere o IGCP no programa de financiamento. No mercado secundário – onde a tendência dos juros associados aos títulos transacionados entre investidores privados permite aferir tendências – os juros da dívida portuguesa a dez anos permanecem nos 5%. Para além do financiamento directo de longo prazo, o Tesouro vai continuar a cobrir as necessidades de financiamento através de emissões de dívida de curto prazo, tendo mais duas emissões programadas para o primeiro trimestre.

Sugerir correcção
Comentar