Salvaterra de Magos pode ficar só com três médicos para 21 mil habitantes

Deputados da oposição questionam o Governo sobre a situação de ruptura que se vive no concelho ribatejano. Situação tende a agravar-se com os pedidos de aposentação de alguns clínicos que prestam serviço no centro de saúde de Salvaterra.

O concelho ribatejano de Salvaterra de Magos, onde perto de metade dos 21 mil habitantes já não tem médico de família, poderá ficar muito em breve reduzido a três clínicos para servir toda a população. É o próprio Ministério da Saúde que constata o problema, garantindo que tem procurado contratar mais médicos mas que ao concurso (cinco vagas) recém-lançado pelo Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria (ACESL) apenas se apresentou um candidato.

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do tejo (ARSLVT) garante que, apesar da falta de médicos, está a trabalhar em conjunto com o ACESL “no sentido de encontrar soluções céleres” para o problema de Salvaterra.

A situação tem sido denunciada pelas autarquias locais e pela comissão de utentes de saúde do concelho de Salvaterra de Magos (CUSCSM), que já organizaram plenários, concentrações e um abaixo-assinado. De acordo com esta comissão, perto de 21 mil habitantes do concelho já não têm médico de família e a situação tende a agravar-se com os pedidos de aposentação de alguns clínicos que prestam serviço no centro de saúde de Salvaterra.

Também os três deputados do PS eleitos pelo distrito de Santarém e o deputado António Filipe (CDU), eleito pelo mesmo círculo, já questionaram o Governo sobre a matéria. Os socialistas Idália Serrão, António Gameiro e João Galamba sublinham que as localidades do Granho, Muge, Glória e Foros de Salvaterra poderão ficar sem qualquer apoio na área da assistência médica ou de enfermagem, a freguesia de Marinhais poderá ficar apenas com um médico para servir 6336 utentes inscritos e a sede de concelho poderá ver o número de médicos em actividade no Centro de Saúde reduzido a dois.

Já António Filipe recorda que dois dos actuais quatro médicos do Centro de Saúde de Salvaterra já requereram a aposentação, que um dos médicos que prestam serviço na Glória está em vias de cessar funções e que o médico que ainda presta serviço nos Foros termina contrato em Junho. “O concelho de Salvaterra não dispõe sequer de metade dos médicos que seriam necessários”, constata.

Em respostas muito semelhantes datadas de Dezembro e de Janeiro, o gabinete do ministro da Saúde sustenta que, nesta altura, cerca de 41% da população do concelho de Salvaterra não tem médico de família atribuído e que os sete profissionais ainda ligados à unidade de cuidados de saúde primários do concelho têm um número médio de 1841 utentes a seu cargo (a média recomendada no plano nacional anda na casa dos 1500). O Ministério da Saúde admite que as situações de maior acuidade dão-se, neste momento, na freguesia da Glória do Ribatejo (80 por cento da população sem médico de família), em Marinhais (69%) e em Foros de Salvaterra (40%), explicando que saíram dois médicos por aposentação no final de 2012 e que uma médica contratada deixou de prestar serviço no concelho a 1 de Janeiro para ingressar no internato médico.

O gabinete de Paulo Macedo esclarece, todavia, que foi possível colocar mais uma médica prestadora de serviços (40 horas semanais) na unidade de saúde de Salvaterra a partir de 1 de Dezembro e que o médico aposentado que presta serviço em Foros de Salvaterra tem contrato até Julho de 2015. Admite, todavia, que “a curto prazo, prevê-se ao Centro de Saúde de Salvaterra fiquem afectos apenas três médicos, sendo que dois deles têm problemas de saúde que os têm mantido afastados do serviço por largos períodos de tempo”. A mesma fonte salienta que quer a Câmara de Salvaterra quer a CUSCSM se disponibilizaram para proporcionar alojamento e transporte gratuito a médicos que queiram trabalhar no concelho.

Hélder Esménio, autarca socialista que assumiu a presidência da Câmara salvaterrense em Outubro, afirma, por seu lado, que a falta de médicos é, actualmente, uma das maiores preocupações no concelho, sobretudo porque o Ministério da Saúde “não indicia qualquer tipo de solução para o problema”. O eleito do PS manifesta, igualmente, o “receio” de que “fechem mais centros e extensões de saúde” por falta de médicos.

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