Nicholas Lezard

Uma obra-prima da crónica jornalística escrita com a verdade da vida e a arte da invenção literária.

Quando Jeffrey Bernard deixou de escrever a coluna Low Life no Spectator e morreu em 1997 comprei as colectâneas dele e entrei numa fúria de luto que durou uma década.

Depois comecei a ler os sucessores dele - Jeremy Clarke no Low Life do Spectator e Nicholas Lezard no Down and Out do New Statesman - a princípio com um pé atrás e, cada vez mais, passando à frente com os dedos, para lê-los antes do resto das duas revistas.

As colunas de ambos estão disponíveis grátis nos respectivos sites. Sugiro que se imprimam ou guardem como PDF para ler, só uma ou duas de cada vez.

Se quiser gastar dez libras esterlinas compre Bitter Experience Has Taught Me de Nicholas Lezard, Faber and Faber, 2013. Desafio quem começar a lê-lo a conseguir deixá-lo para o dia seguinte. Mesmo para quem, como eu, já tenha lido tudo o que lá está.

É uma obra-prima da crónica jornalística escrita com a verdade da vida e a arte da invenção literária. Nunca me ri - nem sequer sorri - mas a leitura não só entreteve como comoveu a minha alma.

A verdade é que tanto Jeremy Clarke como Nicholas Lezard são melhores do que Jeffrey Bernard. Clarke é o melhor escritor, sabendo omitir e recriar o que nunca foi vivido. Lezard é o mais balzaquiano e romântico.

Ambos são melhores do que Jeffrey Bernard. É um escândalo cada vez mais vulgar e verdadeiro: os mais recentes são melhores do que os mais antigos.

Não poderia ser mais bem-vindo este escândalo. Até por ser cada vez mais raro.
 
 

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