Presidente da ANMP avisa que seria erro grave afastar os municípios da gestão dos fundos comunitários

Manuel Machado junta-se a Rui Moreira nos receios sobre a forma como o Governo está a preparar o próximo quadro de fundos europeus.

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Manuel Machado lembra que a gestão do actual quadro decorreu de forma pacífica Adriano Miranda

O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado, afirmou esta sexta-feira, em Coimbra, que seria "um erro grave afastar os municípios" da gestão dos fundos europeus, no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio.

"Para evitar problemas, nós, antecipadamente, estamos a dizer qual deve ser a matriz estruturante do modelo de governação do próximo quadro comunitário de apoio", sublinhou à agência Lusa Manuel Machado, também presidente da Câmara de Coimbra. Seria "um erro grave afastar os municípios ou os representantes dos municípios das autoridades de gestão", advertiu o presidente da ANMP, considerando que esse afastamento traria "problemas" e não resolveria "nenhum dos problemas que se antecipam".

A participação dos municípios na gestão dos fundos europeus não deve verificar-se apenas a nível da comissão de acompanhamento, mas também nas autoridades de gestão", afirmou o líder da ANMP, defendendo que cada um dos programas operacionais regionais deve ter na sua governação representantes das autarquias. Tal atitude "centralista" representaria "uma quebra de confiança grave", sustentou Manuel Machado, sublinhando que mesmo na União Europeia, onde "há pensamentos divergentes, tem preponderado [a tese] de que os municípios, as regiões, devem estar no centro do modelo de governação dos quadros comunitários de apoio".

Àquela perspetiva "opõe-se o modelo centralista, que quer abocanhar os fundos e depois distribuí-los ao seu bel-prazer, mas nós não alinhamos nisso", advertiu. "Temos deixado claro, de modo construtivo, mas de forma veemente, que entendemos que esse caminho [do centralismo] vai gerar problemas", salienta o presidente da ANMP, que se afirma, "em todo o caso, esperançado que o bom senso prevaleça".

Manuel Machado comentava, em declarações à Lusa, afirmações do ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro. Em resposta a alertas do presidente da Câmara do Porto, na quinta-feira, em Montalegre, Poiares Maduro garantia que o Programa Operacional Regional vai sofrer um aumento de 24,8% no Norte, considerando assim que "as críticas de alguns autarcas não têm qualquer correspondência" com a realidade.

Tal percentagem faz parte de "números que estão na mesa", mas terá sido uma "afirmação feita no âmbito de uma mensagem muito breve, muito sumária, muito ligeira e, portanto, não encontra acolhimento para ela nos documentos que conheço", disse Manuel Machado. Também rui Moreira reafirmou esta sexta-feira as suas dúvidas quanto à preparação do próximo quadro de apoio, exigfindo esclarecimento do Governo.

Para os municípios, "importante é que os fundos comunitários sejam atribuídos segundo critérios claros" (em função das "populações, das necessidades, dos planos que estão para ser executados, etc.") e geridos com a participação dos municípios, à semelhança do que sucedeu com o quadro comunitário de apoio que está a encerrar e cuja gestão foi "pacífica" e suscitou "escassos problemas", insistiu o presidente da ANPM.

Também o líder da Federação do PS de Coimbra acusou na quinta-feira o Governo de não estar a planificar e a articular com os municípios do distrito a aplicação dos fundos estruturais para o período 2014-2020. Pedro Coimbra, que tem reunido com os autarcas do distrito, disse à agência Lusa que os municípios se queixam da "falta de articulação, diálogo e abertura para as necessidades e prioridades para os próximos anos".

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