PSD e CDS elogiam meta do défice e acusam PS de ficar sem discurso

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Montenegro afirmou que o PS não consegue dizer que o país está de parabéns Rui Gaudêncio

O líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, elogiou o resultado da meta do défice de 2013 (abaixo dos 5% previstos) e aproveitou para confrontar os socialistas com o discurso da “espiral recessiva”. As bancadas da oposição dizem ter ouvido um discurso “triunfalista” sobre resultados com custos sociais elevados.

Numa declaração política, Luís Montenegro afirmou que o resultado da meta do défice se deve “ao esforço de todo o país”. E questionou: “Onde estão as vozes daqueles que diziam que estes resultados não eram possíveis?”. Montenegro citou o líder do PS, António José Seguro, quando “há menos de três meses disse que os indicadores da economia ‘eram sol de pouca dura’”.

Assumindo que este é mais um indicador que permite que Portugal termine o resgate no prazo previsto, o líder da bancada social-democrata reafirmou que “a alternativa deste Governo e maioria é o correcto, e o do PS era o da ilusão, queriam as políticas do passado e da desilusão porque o PS não consegue dizer ao país que está de parabéns”.

Os socialistas, por seu turno, não conseguem felicitar a maioria porque apontam os custos da austeridade. “A redução dos rendimentos de trabalho foi quatro vezes superior ao défice. Por cada quatro euros de austeridade, três foram consumidos pela recessão”, contrapôs Pedro Nuno Santos, deputado do PS.

Na mesma linha de argumentação dos socialistas, João Oliveira, do PCP, lembrou que se há resultados na economia é porque o Governo fez uma “consolidação à custa do roubo de salários e pensões” e um “assalto fiscal”. Tal como João Oliveira, também Pedro Filipe Soares viu “triunfalismo” no discurso de Montenegro e lembrou que as metas do défice foram sucessivamente revistas e que o objectivo inicial era de 3%.

Foi Nuno Magalhães, líder da bancada do CDS, que acabou por responder a este argumento: “Agora dizem que negociámos as metas do défice que era justamente o que queriam fazer. Há uma oposição que manifestamente ficou sem discurso porque prendeu-se no quanto pior melhor. Os resultados são factos e esses não são de esquerda nem de direita”.

Já à margem do plenário, a deputada centrista Cecília Meireles saudou a fixação da meta do défice abaixo do previsto já que isso significa que Portugal cumpriu e que ficou "mais próximo" do fim do programa de assistência financeira. 

Ao argumento dos custos sociais da austeridade lançados pela oposição, Montenegro afastou-os. “Estamos a percorrer este caminho com sensibilidade social. Os rendimentos mais baixos estão a ser protegidos”, disse, provocando alguns protestos na bancada socialistas. E disparou: “Ui ui, o tempo em que as pensões mínimas estavam congeladas”. Referia-se ao último ano do Governo Sócrates.

"Propaganda não cola com a realidade"

À margem do plenário, o PS considerou que o Governo falhou nos principais objectivos económicos e orçamentais do programa de ajustamento estabelecido com a
troika em 2011, considerando que a "propaganda não cola com a realidade".

A posição foi transmitida por Eurico Brilhante Dias, membro do Secretariado Nacional socialista, em reacção à divulgação da síntese de execução orçamental de 2013, segundo a qual o défice provisório das administrações públicas ascendeu a 7.151,5 milhões de euros.

Já o deputado do PCP Paulo Sá disse que "foram aplicadas medidas de austeridade, umas sobre as outras, e tudo isso contribuiu para estes valores de execução orçamental. Com uma tradução prática: levaram ao empobrecimento dos portugueses".

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