Oposição ucraniana pede tréguas nas ruas de Kiev

Líder de partido da oposição pró-europeia apela aos manifestantes e à polícia para que não entrem em confrontos até ao fim da tarde para que as negociações com o Presidente prossigam.

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Barreira de pneus a arder separa manifestantes e polícia David Mdzinarishvili/Reuters
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Separados por uma barreira de pneus a arder, manifestantes e polícia ucraniana mantêm-se frente a frente, na manhã desta quinta-feira, no centro de Kiev, onde os confrontos violentos assumiram, nos últimos dias, dimensões alarmantes. O líder do partido da oposição Udar, Viktor Klitschko apelou à suspensão da violência, pelo menos até às 18h, para conceder tempo às negociações com o Presidente, Viktor Ianukovitch.

"Estarei aqui às 20h (18h em Lisboa) para vos dar conta das negociações", garantiu Klitschko, de acordo com a agência Interfax. No final da reunião de quarta-feira entre os partidos da oposição e Ianukovitch, os líderes pró-europeus deram um ultimato ao Presidente para que convoque eleições antecipadas, ameaçando "passar à ofensiva", caso o pedido não seja aceite.

Logo após o pedido de Klitschko, os confrontos entre a polícia e os manifestantes na Rua Grouchevski, no centro da capital, cessaram, segundo o testemunho de um fotógrafo da AFP. Os líderes dos partidos da oposição pró-europeia vão reunir-se com Ianukovitch durante a tarde, mas as esperanças num acordo são escassas, como reconheceu o próprio Klitschko.

As negociações entre Presidente e oposição surgem depois de um dia de extrema violência em Kiev. O balanço feito pelo coordenador médico dos manifestantes indica que, na quarta-feira, pelo menos cinco pessoas morreram e 300 ficaram feridas nos confrontos com a polícia. Fontes oficiais citadas pela Reuters referem três mortos.

Durante a manhã de quarta-feira, dezenas de manifestantes, muitos com capacetes de protecção ou de mota, segundo a AFP, concentraram-se na Rua Grouchevski, por trás de uma barreira de chamas e fumo, tal como aconteceu durante a noite. Lançavamm de vez em quando pedras ou cocktails-molotov. Ouvem-se por vezes deflagrações – aparentemente disparos das forças de segurança ou granadas de gás lacrimonégeneo.

A contestação iniciada há dois meses devido à aproximação da Ucrânia à Rússia ganhou nos últimos dias contornos de guerrilha urbana.

Os confrontos aumentaram depois de as autoridades terem aprovado legislação para limitar os protestos, que entrou em vigor à meia-noite de terça-feira. Os manifestantes passaram a estar sujeitos a penas de prisão. O endurecimento da lei acabou por levar a um aumento da violência para níveis alarmantes.

A Rússia declarou, já esta quinta-feira, que não vai intervir. “Não pensamos ter o direito de intervir nos assuntos internos da Ucrânia, seja de que maneira for. É absolutamente inaceitável para nós interferir nos assuntos internos [de outro país]”, disse Dmitri Peskov, porta-voz do Presidente Vladimir Putin, num entrevista ao jornal Komsomolskaïa Pravda.

A posição russa foi apresentada como contraponto à “ingerência estrangeira”, que o porta-voz considera estar a ser feita por outros países de forma “evidente”. “Não podemos compreender os embaixadores dos países estrangeiros em Kiev que dizem às autoridades da Ucrânia o que devem fazer e de onde devem retirar tropas e polícia”, disse, sem concretizar.

A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou, segundo a AFP, que o Governo ucraniano tem o dever de "proteger a vida" dos manifestantes e de garantir o direito à manifestação pacífica.

Notícia actualizada às 11:17 – Acrescentou-se informação relativa às negociações entre oposição e Presidente e ao apelo à suspensão dos confrontos.
 
 
 

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