Projecto Future Cities já instalou centenas de sensores de dados no Porto

Para a semana há uma conferência internacional sobre "Future Cities", que irá decorrer na cidade do Porto.

A cidade do Porto conta já com “plataformas com centenas de dispositivos” que, através da recolha e envio de informação, permitirão no futuro melhorar a mobilidade, a segurança e a qualidade de vida dos seus cidadãos.

A instalação destes dispositivos, “uma boa parte colocada em cerca de 400 autocarros da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto e em vários pontos de acesso da rede de fibra óptica da Porto Digital”, decorreu ao longo de 2013, no âmbito do primeiro ano do projecto Future Cities, do Centro de Competências para as Cidades do Futuro da Universidade do Porto.

Em declarações à Lusa, João Barros, coordenador deste projecto, que visa “transformar o Porto num laboratório vivo”, afirmou que a iniciativa entra agora numa fase de “processamento de todos os dados recolhidos” pelos dispositivos. Segundo João Barros, o objectivo é “perceber quais são os conjuntos de dados que se consegue captar com esta rede e quem são as pessoas que podem depois extrair conhecimentos destes dados”, tendo em vista a melhoria da sua qualidade de vida.

“Explorar o enorme potencial destas plataformas” para que seja possível “desenvolver novas soluções de mobilidade sustentável e sistemas de transporte inteligente”, por exemplo, são intenções bem definidas. Os primeiros resultados do projecto serão conhecidos na terça-feira, no âmbito da conferência internacional “Future Cities 2014”, que decorrerá no Mosteiro de S. Bento da Vitória, no Porto.

Além dos sensores instalados, o Future Cities conta com uma aplicação desenvolvida para smartphones -- SenseMyCity - que permite registar o dia-a-dia dos utilizadores.

São várias as experiências que decorrem na cidade, como por exemplo a monitorização das “sensações e emoções” de agentes da Polícia Municipal do Porto. Nesta experiência, disse, o objectivo é analisar os seus níveis de stresse, que energias despendem, o combustível que consomem durante o período de trabalho e/ou por onde passaram.

“Esta segunda fase do projecto terminará no final do ano e em 2015 pretendemos lançar a base para a sustentabilidade financeira para estas actividades, garantindo que conseguimos atrair mais investimento europeu e de empresas”, sublinhou o coordenador. Este é um projecto interdisciplinar, que envolve engenharias, urbanismo, psicologia, design, artistas e arquitectos, entre outras áreas, que pretende “tornar o Porto uma cidade ainda melhor e mais dinâmica”.

João Barros adiantou que o projecto tem sido muito solicitado pela Câmara do Porto, que pretende “utilizar as tecnologias para outros fins”. O coordenador disse ainda que “partir para o terreno, com aplicações e serviços, é um esforço muito grande, de muitas centenas de pessoas”. Conclui que “para uma ‘smart city’ desenvolver essas soluções é preciso alinhar muitas vontades e esse trabalho de coordenação, de liderança e de compromisso demora”, sendo que “a parte tecnológica nem sempre é aquela que coloca mais desafios quando se quer executar o projecto”.

“Estamos muito satisfeitos por ver que o ecossistema existe e que no primeiro ano do projecto conseguimos criar emprego científico, através da contratação de três novos investigadores doutorados e três técnicos”, salientou João Barros, acrescentando que, “numa altura em que o Governo está a fazer uma política extraordinariamente danosa para o sistema científico, não deixa de ser muito positivo poder reter algum talento em Portugal”.

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