Autarca avisa que "não existem mais razões para adiar" remoção dos resíduos de São Pedro da Cova

"Chumbada" uma providência cautelar de um dos concorrentes, trabalhos devem começar de imediato, vinca o presidente da junta.

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Há anos que a junta e a população de São Pedro da Cova reclamam a retirada dos resíduos perigosos Adriano Miranda

O presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro da Cova e Fânzeres, Daniel Vieira, considera não existirem mais razões para adiar e atrasar o processo de remoção dos resíduos perigosos depositados em S. Pedro da Cova.

O autarca reagia assim à notícia do PÚBLICO, que esta segunda-feira dá conta de que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAF-B) indeferiu a providência cautelar interposta pela Semural, uma das 14 empresas que concorreu à remoção das 88 mil toneladas de resíduos perigosos depositados em S. Pedro da Cova, entre 2001 e 2002. A empresa vencedora do concurso - Ecodeal - foi avisada pelo Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia (MAOTE) de que a remoção dos resíduos perigosos avançaria mal o TAF-B recusasse a providência cautelar da Semural.

"A permanência de tais resíduos perigosos pode ter graves consequências para o ambiente, a saúde pública das populações, a contaminação dos lençóis freáticos e cursos de água", reafirmou, em comunicado, Daniel Vieira. O autarca de S. Pedro da Cova exige ainda que, "para além da rápida remoção dos resíduos -- uma luta desta população e autarquia -, sejam prestadas informações à população sobre as análises prometidas à qualidade da água na região".

O processo de avaliação às massas de água subterrâneas em S. Pedro da Cova iniciou-se em meados de Novembro, prevendo a Agência Portuguesa do Ambiente que os resultados fiquem concluídos "no início de 2014". Nas imediações do depósito de resíduos, enterrados num terreno junto às piscinas e ao estádio de futebol da freguesia, passam cursos de água, como o rio Ferreira e a ribeira da Parada.

O concurso para a remoção das 88 mil toneladas de resíduos perigosos daquele local, estimada em mais de 10 milhões de euros e que beneficia de uma comparticipação comunitária a 85%, foi impugnado pela ABB -- Alexandre Barbosa Borges, SA. Esta alegou ter sido indevidamente excluída por falta de uma declaração, sendo que a sentença foi objecto de recurso, ainda em apreciação, por parte do MAOTE e da Ecodeal.

Também esta segunda-feira a Associação Projecto J Viver Educar Mudar!, sediada na União de Freguesias de S. Pedro da Cova e Fânzeres, adianta que "os cidadãos, na sua maioria descendentes de antigos mineiros, têm o direito de ver resolvido o passivo ambiental, paisagístico e social deixado pela exploração mineira e pela deposição de resíduos".

A Comissão Europeia deu a 20 de Novembro dois meses a Portugal para resolver o problema dos resíduos de S. Pedro da Cova, sob pena de o Estado ter que responder perante o Tribunal de Justiça europeu. O PÚBLICO tentou hoje, sem sucesso, contactar o Ministério do Ambiente, para tentar perceber quando começarão os trabalhos de remoção.

 

 

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