Três ódios para Putin

As palavras, às vezes, falam por elas próprias. Mostram o que as pessoas fingem (ou nem sequer querem fingir) ser e, ao mesmo tempo, mostram o que pensam pensar mas obviamente não sabem e fantasiam.

Um mau exemplo é Vladimir Putin, o homem mais preocupado em parecer masculino no mundo inteiro. Faz tudo para manter a reputação salvífica de homofóbico. Ele pensa que isso significa ter medo dos homossexuais. Coitado dele. É pobre.

O Presidente da Rússia disse, com santa generosidade, que "os gays devem sentir-se confortáveis nos Jogos Olímpicos do Inverno". Não estão proibidos de vir, esclareceu. Não vão ser castigados ou presos por aparecerem, adiantou. Olha que bom.

Mas pressente-se logo que há um "desde que". E há. Os gays são bem-vindos, mas Putin fez questão de avisá-los: "[Mas] deixem as crianças em paz".

Que crueldade! É como deixar que os portugueses comam bacalhau cozido desde que nunca seja acompanhado por algodão doce e pepino cru.

Putin conseguiu efectivamente banir todos os espectadores gay, já que não haverá nenhum que seja capaz de deixar as crianças em paz.

Como heterossexual adulto do sexo masculino, percebo que sou bem-vindo por Putin desde que deixe as crianças do sexo feminino em paz. Digo isto sem ter a certeza do que digo. Putin limitou-se a avisar os homossexuais. Será que nós, os caretas, temos direito a uma menos rigorosa definição da pedofilia?

Assim parece. Raios partam a estupidez do russo mais do que estúpido.
 

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