PCP e PTP não aderem à frente anti-PSD proposta pelos socialistas na Madeira

PCP não apoiará uma coligação regional com partidos de direita e PTP recusa ser “muleta para o PS chegar ao poder” no arquipélago. CDS admite integrar o projecto de “mudança” proposto pelos socialistas.

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O secretário-geral do PS foi à Madeira apoiar os socialistas e deixar críticas duras ao Governo. DR

O PCP e o PTP declinam o convite do líder do PS-Madeira, Victor Freitas, para participarem numa coligação alargada a todos os partidos da oposição e movimentos de independentes, com o objectivo de derrotar o PSD nas eleições regionais de 2015.

Os comunistas não estão disponíveis para integrar a coligação caso seja extensiva a partidos de direita. A objecção abrange “não só CDS-PP como outros partidos de direita que defendem o terrorismo social”, precisou o coordenador da direcção regional do PCP, Edgar Silva. Reagindo ao repto lançado por Victor Freitas na moção ao congresso, aquele deputado comunista declarou ao PÚBLICO que “federar todos os partidos, independentemente do que pensam, é um erro grave que não acompanhamos”.

A proposta do PS, acrescenta o dirigente comunista, “é própria de quem não sabe o que quer”. “Nós defendemos um projecto de esquerda”, frisa o líder do PCP, partido que já nas últimas autárquicas concorreu isolado nos 11 concelhos.

Apesar de ter integrado a coligação “Mudança” com o PS e outros quatro partidos (BE, PND, PAN e MPT), vencedora da Câmara do Funchal, o Partido Trabalhista Português (PTP) também rejeita a proposta de Victor Freitas que mereceu o apoio incondicional do secretário-geral do PS, António José Seguro no encerramento do congresso. “Não aceitamos ser muleta para o PS chegar ao poder na região”, confirmou José Manuel Coelho ao PÚBLICO, justificando que “os partidos do arco do poder desiludiram os portugueses” e “os socialistas são co-responsáveis pela bancarrota a que o país chegou, nomeadamente com a liberalização dos despedimentos, os ruinosos negócios das PPP e as alianças com o grande capital”.

Presentemente com o estatuto de maior partido de oposição madeirense, conseguido pela primeira vez nas regionais de 2011, o CDS-PP aceita dialogar com o PS para construir um projecto alternativo ao PSD que governa a Madeira desde 1976. “Os madeirenses mostraram nas autárquicas que querem a mudança e os partidos da oposição, sobretudo PS e CDS, têm essa responsabilidade de encontrar uma alternativa ao PSD”, frisou o líder regional dos populares ao PÚBLICO, admitindo abrir a coligação a pequenos partidos.

No entanto, José Manuel Rodrigues remete a decisão do CDS-PP sobre a estratégia eleitoral regional para o congresso inicialmente marcado para Julho. Recusando falar em nomes para liderar o projecto, como fez o PS ao propor o seu líder para a chefia do governo, o deputado popular considera prioritário fazer o diagnóstico da situação económica, financeira e social da região para, a partir dessa análise conjunta aberta à sociedade, então elaborar um programa de governo.

Ao fundamentar a sua proposta de coligação, Victor Freitas afirmou que "o futuro da região passa por uma mudança política, sem cometer os erros do passado. A Madeira precisa de um novo começo", pedindo ética e humildade na política e o envolvimento dos cidadãos nas decisões políticas.

 

Passos, o “vendedor de ilusões”

Ao encerrar o XVI Congresso regional do PS, sessão em que o PSD foi o único partido a não se fazer representar, o secretário-geral socialista, António José Seguro, expressou o seu incondicional apoio à proposta de coligação alargada a todos os partidos da oposição madeirense e a movimentos de independentes, proposta por Victor Freitas. “É preciso abrir o nosso projecto à cidadania para se voltar a fazer história e começar a mudança na Madeira”, declarou o líder do PS.

A Madeira, frisou Seguro, “precisa de um novo governo que separe a política dos negócios”, que "não trate melhor os que têm cartão laranja" e que "não esconda dívidas"; para que "entre na senda do progresso", "equilibre as contas públicas e não deixe ninguém para trás".

Também a nível nacional, o líder socialista defendeu um projecto da mudança. Uma mudança que, frisou, faça reformas em vez de cortes, que produza soluções em vez de remendos, que valorize as competências em vez do empobrecimento e do aumento das desigualdades sociais. Se o Governo tivesse feito reformas, Passos Coelho não estaria agora a fazer propostas de entendimento nesse sentido, repetiu Seguro.

Para o líder socialista, o governo de Passos Coelho “não passa de um vendedor de ilusões que visa criar a ideia nas pessoas que o nosso país está a sair da crise mas, infelizmente, não é assim". E “prepara-se para abrir garrafas de champanhe no dia 17 de Maio", data prevista para a saída da troika. "Não é, por isso, nada que decorra do bom desempenho do Governo mas, no entanto, o Governo prepara-se para abrir garrafas de champanhe e já fala em milagre económico", declarou.
 
 
 

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