Damasco permite aos mais vulneráveis deixarem campo de refugiados palestiniano

Perto de 20 mil pessoas vivem cercadas há meses, sem comida nem acesso a cuidados médicos.

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A ONU tinha tentado há dias levar comida e vacinas, mas sem sucesso

Antes do início da revolta na Síria, há quase três anos, viviam no país pelo menos meio milhão de refugiados palestinianos. Com a violência, aconteceu-lhes o mesmo que aos sírios, nalguns casos, pior: morreram, escondera-se, fugiram, alguns para serem expulsos de volta por países que já tinham muitos palestinianos no seu território, como a Jordânia ou o Líbano.

O maior campo de refugiados palestinianos na Síria era e é Yarmouk, nos subúrbios sul de Damasco, e está cercada pelo Exército de Assad desde Setembro. Activistas no interior dizem que pelo menos 40 pessoas já morreram de fome ou por falta de cuidados médicos. No fim-de-semana, entrou finalmente alguma comida no campo. Domingo, começaram a sair os mais doentes. A ONU ajudou nestas operações mas foi o regime sírio que as realizou.

“A evacuação começou para as pessoas em estado crítico”, disse à AFP um responsável da OLP (Organização da Libertação da Palestina), Anwar Abdel Hadi. Os responsáveis do campo contavam fazer sair dali uma centena de pessoas ao longo do dia. Ao todo, há 600 pessoas a precisarem com urgência de serem retiradas de Yarmouk: pessoas com doenças crónicas, crianças e grávidas. Em Yarmouk, soube a ONU há uma semana, há crianças que têm sobrevivido a comer especiarias dissolvidas em água ou alimentos para animais.

Já ali viveram 150 mil pessoas. Agora, restam umas 18 a 20 mil, encurraladas, sem conseguirem sair e sem terem para onde ir. A maioria são civis palestinianos e alguns rebeldes. Segundo a oposição síria, os habitantes só têm sobrevivido graças aos riscos que alguns correm em perigosas viagens para contrabandear alimentos para o interior. A UNRWA, a agência da ONU para os Refugiados Palestinianos, não tem parado de pedir acesso a estas pessoas.

Há uma semana, uma entrega de comida e de vacinas para a poliomielite da UNRWA foi abortada porque as viaturas onde seguia a ajuda ficaram debaixo de fogo depois do Governo ter decidido que tinham de usar uma estrada perigosa, denunciou o porta-voz da agência, Chris Gunness.
 
 
 

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