O epitáfio da Primavera Árabe

A esperada vitória do “sim” no referendo à nova Constituição egípcia, apresentada pelos militares, é suposta representar a legitimação popular do golpe que derrubou o Governo da Irmandade Muçulmana a 30 de Junho de 2013.

Mas é apenas mais um passo num caminho através do qual o Egipto se afasta do sonho democrático e regressa ao passado e à era de Mubarak.

Esse sonho desapareceu na luta sem quartel entre militares e fundamentalistas, que foi decidida pela força e pela repressão. O voto não será mais do que o simulacro de uma sanção democrática.

Na verdade, o referendo é quase um epitáfio da Primavera Árabe. Garantindo algumas liberdades seculares e a liberdade de culto, que a Irmandade Muçulmana não tolerava, a nova Constituição não permitirá liberdades políticas. Visa apenas eternizar o poder dos militares, que na verdade nunca desapareceu do Egipto.
 
 
 
 

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