Crise não afectou vendas de medicamentos para disfunção eréctil

No ano passado, venderam-se mais de 1800 embalagens de medicamentos para a disfunção eréctil por dia. Na próxima semana, os preços de alguns vão baixar, graças ao fim da patente do Viagra, que expira esta terça-feira.

Foto
Em 2013 venderam-se por dia 1826 embalagens de produtos para a disfunção eréctil REUTERS/Mark Blinch

A crise económica não afectou as vendas de medicamentos para a disfunção eréctil em Portugal, apesar de estes produtos serem caros e não terem comparticipação estatal. Depois de em 2012 se ter verificado uma ligeira redução na venda de medicamentos vasodilatadores usados para tratar este problema que afecta uma parte significativa da população masculina, no ano passado o consumo voltou a aumentar.

Por dia, em 2013 venderam-se 1826 embalagens de produtos para a disfunção eréctil, e o valor anual ficou perto dos 19 milhões de euros, segundo dados fornecidos ao PÚBLICO pela consultora IMS Health.

Apesar de a procura estar a aumentar, o preço elevado destes medicamentos tem impedido muitos casais de usufruírem dos seus benefícios, até porque não são comparticipados. A boa notícia é que, a partir da próxima segunda-feira, começam a ser comercializados em Portugal vários genéricos do pioneiro sildenafil (o Viagra), porque a patente do famoso comprimido azul expirou.

A vantagem é que, como os genéricos têm que ser pelo menos 50% mais baratos do que o medicamento original, estes fármacos vão ficar bem mais acessíveis. Os preços dos genéricos de sildenafil já aprovados (e há 14 apresentações preparadas para começar a ser vendidas a partir do dia 20 em Portugal) vão oscilar entre os cerca de 15 euros para as embalagens de quatro unidades de dosagem mais baixa e os 50 euros para as caixas com 12 unidades, segundo adiantou ao PÚBLICO uma fonte da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed).

“É uma boa notícia”, reage o psiquiatra e especialista em sexologia Júlio Machado Vaz que lembra que o Viagra possibilitou, quando foi introduzido no mercado nacional em 1998, o “reacender da vida erótica de muita gente”.  Um cenário que, acredita, nos últimos dois anos terá sido prejudicado “porque os orçamentos familiares tiveram que ser limados”. 

Os genéricos do Viagra nesta primeira fase ainda vão ser caros, considera Francisco Cruz, chefe do serviço de Urologia do centro Hospitalar de S. João (Porto). O médico antecipa, porém, que graças à concorrência, os preços possam ir diminuindo. Outra vantagem, destaca, é que as pessoas passarão a recorrer menos à Internet para adquirir este tipo de medicamentos, evitando-se desta forma o risco da compra de fármacos falsificados.

Será que o fim da patente significa que terminou o reinado do Viagra? A crer na estratégia da Pfizer, o laboratório que fabrica o sildenafil, parece que sim. Apesar de continuar a comercializar o medicamento original em Portugal, a Pfizer já está preparada para entrar no mercado nacional com um genérico concorrente do próprio Viagra. Os comprimidos genéricos da Pfizer vão ser “brancos a esbranquiçados em forma de diamante arredondado”, adianta o laboratório que, entre Janeiro de 2006 e Novembro de 2013, vendeu 1190 180 embalagens e facturou cerca de 36,5 milhões de euros com o Viagra em Portugal.

Mas o sildefanil já tinha sido destronado nas vendas há muito tempo, com a entrada no mercado nacional de dois produtos concorrentes, o Cialis (tadalafil) e o Levitra (vardenafil). O primeiro, que tem um efeito bem mais prolongado, é líder de mercado e o segundo vende um pouco menos, segundo os dados do Infarmed.

No total, as vendas de produtos para a disfunção eréctil (e há outros fármacos no mercado português, além dos três referidos)  ascenderam a mais de 666 mil embalagens em 2013, contabiliza a IMS Health.

Mas a importância do Viagra transcende os meros dados sobre vendas. Foi o Viagra que desbravou o terreno e, antes da sua introdução no mercado, os médicos só tinham para oferecer aos doentes dispositivos pouco motivadores, como as injecções intrapenianas e as próteses ou bombas de vácuo.

Além de representar um grande avanço farmacológico, o comprimido azul pôs ainda as pessoas a falar sobre o problema da disfunção eréctil. Em Portugal, a Pfizer cita um estudo de 2008 para afirmar que a prevalência da disfunção eréctil atinge franjas substanciais da população masculina – 29% dos homens entre os 40 e os 49 anos, 50%dos homens entre os 50 e os 59 anos, e 74% dos homens entre os 60 e os 69 anos.

Em todo o mundo, sublinha a Pfizer, o Viagra já foi prescrito a mais de 37 milhões de homens.

 
 

Sugerir correcção
Comentar