Congresso do CDS “passou ao lado das grandes questões” do país, acusa conselheiro nacional

Oposição interna à direcção de Paulo Portas, o Movimento Alternativa e Responsabilidade, desafia líder do partido a avançar com a reforma do Estado e com medidas estruturais que diminuam a despesa.

Luís Lagos, eleito este fim-de-semana conselheiro nacional, dá nota negativa à forma como decorreu a reunião magna do partido que “passou ao lado das grandes questões da vida futura do partido que tem consequências na vida política do país”.

“O congresso do CDS foi um enorme vazio de ideias e de conteúdo", afirma Luís Lagos, que integrou a direcção do ex-líder do CDS, Ribeiro e Castro, acrescentando que a reunião magna "passou um cheque em branco ao Conselho Nacional, que vai ter de decidir sobre matérias como as eleições legislativas e as presidenciais, porque nada decidiu essa matéria”.

Inconformado com o facto de o partido ter desaproveitado a reunião magna para debater questões importantes, Luís Lagos, que liderou a lista ao Conselho Nacional, da qual fazem parte militantes próximos de Ribeiro e Castro, vai mais longe na avaliação e afirma mesmo que se tratou de um “congresso que decorreu debaixo do chicote. Foi um congresso controlado ao ínfimo pormenor, onde não houve aquela liberdade que devia haver”. 

“A linha oficial do partido não gostou que o presidente da Juventude Centrista de Leiria tivesse integrado a minha lista para o Conselho Nacional e deu nota disso, mas o líder da JC teve coragem e manteve-se na lista”, denunciou o dirigente nacional ao PÚBLICO.

Com críticas à direcção por não reunir os órgãos do partido, o conselheiro nacional “acha excessivo” que Paulo Portas tenha alargado a sua direcção com três novos vice-presidentes. “O congresso não decidiu nada, mas assistiu-se à montagem do presépio com mais três novos vice-presidentes. É a descaracterização do lugar de vice-presidente”, critica o dirigente nacional.

Pedro Afonso, dirigente da tendência interna de oposição a Paulo Portas, refuta a ideia de que não houve debate, afirmando que o Movimento Alternativa e Responsabilidade apresentou propostas concretas. “O CDS como partido reformista tem de assumir que vai pôr em prática a reforma do Estado, que é uma questão que importa ao país e foi isso que fomos defender ao congresso”, declarou.

O médico psiquiatra discorda daqueles que dizem que não é possível pôr em prática a reforma do Estado por causa do Tribunal Constitucional e contrapõe que “há muitas medidas que podem ser tomadas a nível da Educação, da Saúde, que diminuem os custos e aumentam a eficácia”.

Ao PÚBLICO, Pedro Afonso opta por não criticar o facto de o congresso não ter discutido as legislativas e as presidenciais e alerta para a necessidade de se “tomarem medidas estruturais que diminuam a despesa pública, porque assim  não saímos desta situação [de ajuda financeira]”.

Pedro Afonso insiste que as medidas estruturais não podem ser adiadas, porque  “é isso que interessa aos portugueses” e deixa um recado ao partido: “É tempo de fazer política e o CDS tem essa obrigação”.
 
 
 
 
 
 
 

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