Vice-ministro líbio assassinado quando visitava a sua cidade natal

Incidente é o primeiro com um membro do governo de transição, mas expõe fragilidade do novo poder, num país em que a violência entre milícias tem sido constante.

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Os confrontos motivados pelas milícias têm sido constantes desde há dois anos ABDULLAH DOMA/AFP/ARQUIVO

O vice-ministro da Indústria da Líbia, Hassan al-Droui, foi morto a tiro durante uma visita a Sirte, a sua cidade natal, naquele que foi o primeiro assassinato de um membro do governo de transição desde que Muammar Khadafi foi deposto em Outubro de 2011.

O incidente, adianta a BBC, aconteceu a Este da capital do país, Trípoli, com o vice-ministro a ser baleado várias vezes, disseram fontes hospitalares e da segurança líbia. Segundo uma testemunha ouvida pela AFP, um grupo de homens encapuzados e armados chegou perto de um mercado onde se encontrava o ministro e começou a disparar.

Até ao momento os responsáveis pelo incidente ainda não foram identificados nem se sabe qual terá sido o motivo para o crime, mas muitos destes actos acabam por ser reivindicados por grupos islamistas extremistas. Porém, Hassan al-Droui é considerado uma figura influente junto do primeiro-ministro, Ali Zeidan – que ficou, aliás, ainda mais fragilizado em Outubro após uma insólita situação de sequestro de que foi alvo e que expôs a debilidade das novas autoridades.

A BBC lembra, ainda, que Sirte é uma cidade simbólica, já que foi palco de uma das batalhas finais da guerra civil da Líbia, durante a qual Khadafi foi capturado e morto, quando tentava esconder-se dos rebeldes.

Num outro confronto não relacionado e no Sul do país, em Sabha, pelo menos 19 pessoas também perderam a vida numa disputa entre dois grupos rivais, que terá sido motivada pela morte do segurança de um dos líderes de uma das tribos.

Há mais de dois anos que os incidentes na Líbia têm sido constantes, com confrontos permanentes entre os grupos milicianos que lutaram contra Khadafi e o exército do país pouco tem conseguido fazer. Desde o final da guerra civil, há dois anos, que as forças armadas continuam desorganizadas e com pouca preparação, o que chegou a motivar a declaração de estado de emergência e uma greve geral.

Muitas destas milícias (mais de 1000, espalhadas pelo país) são agora pagas pelas autoridades para se substituírem às forças de segurança oficiais, mas actuam de acordo com as suas próprias agendas – religiosas, de controlo de petróleo ou domínio do mercado da emigração para a Europa – e respondem perante os seus líderes tribais.

Organizações de defesa dos direitos humanos, como a Human Rights Watch, têm apelado ao "Governo líbio para que cumpra a sua promessa de desarmar as milícias e investigar os acontecimentos".

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