Protagonistas do CDS satisfeitos com explicações de Portas sobre crise política

Só Filipe Anacoreta Correia, do Movimento Alternativa e Responsabilidade, criticou a intervenção do líder do partido no arranque do congresso.

Nobre Guedes também ficou "totalmente esclarecido" sobre a crise de Julho
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Nobre Guedes também ficou "totalmente esclarecido" sobre a crise de Julho Paulo Pimenta
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As explicações que Paulo Portas deu este sábado ao congresso sobre a crise política de Julho passado, ao afirmar que o partido só precisa de saber que o fez "em último recurso" e que "o que teve de ser teve muita força", são consideradas suficientes por muitos dos protagonistas do CDS reunidos em Oliveira do Bairro.

Filipe Lobo D’Ávila, o dirigente nacional que deixou a secretaria de Estado da Administração Interna, elogiou o discurso de Paulo Portas, dizendo que sobre a crise política o líder do CDS afirmou o “necessário”.

O deputado (regressou esta semana ao Parlamento) e membro da comissão executiva é um dos nomes mais fortes apontados para ocupar o lugar de porta-voz do CDS, substituindo João Almeida, que ocupa agora a secretaria de Estado da Administração Interna. “Foi um bom discurso e foi justificativo sobre estes dois anos e meio. Sobre a crise política disse o necessário”, afirmou ao PÚBLICO Filipe Lobo D’Ávila, que na crise de Julho foi um forte crítico da decisão de demissão então ministro dos Negócios Estrangeiros.

Outro nome forte para porta-voz do CDS, embora alguns já o vejam como um senador do partido, é Telmo Correia, o deputado escolhido por Paulo Portas para apresentar a moção global Responsabilidade e Identidade em seu nome. Na sua itervenção sábado à tarde, também se mostrou satisfeito com as explicações de Portas sobre a crise política.

"Discurso muito sólido, muito construtivo e que mostra bem como o CDS está preparado para dar toda a estabilidade na governação", disse por seu lado a ministra da Agricultura. Na opinião de Assunção Cristas, o discurso "mostra como o CDS, hoje, considera que estamos bem melhor do que há um ano atrás sob todos os pontos de vista".

Também o ex-ministro do CDS-PP Nobre Guedes disse estar "totalmente esclarecido" com o discurso de Paulo Portas sobre a crise do verão passado, considerando que "os portugueses querem falar do futuro" e não dão importância às candidaturas internas partidárias.

Nobre Guedes, que poderá candidatar-se a presidente do Conselho Nacional pelo movimento Alternativa e Responsabilidade (AR), realçou ainda que Portas disse que iria "ter uma segunda intervenção", que considerou que "vai ser a intervenção essencial". "Porque vai falar daquilo que é essencial: o que é que nós queremos para Portugal nos próximos 20 ou 30 anos", justificou.

Anacoreta Correia critica demissão como jogada "intencional"

Já Filipe Anacoreta Correia, do Movimento Alternativa e Responsabilidade, corrente interna do CDS divergente da direcção, critica a mensagem dada por Paulo Portas sobre a crise política do Verão, este sábado no XXV Congresso do CDS-PP.

"A ideia que faz passar é que foi intencional, o que deixa muitos eleitores do CDS e muitos portugueses desiludidos. A declaração [do líder do CDS] chega a sugerir que os fins justificam os meios", afirmou o centrista, antes de intervir sobre a sua moção de estratégia global.

"Não pode passar a ideia de o momento da decisão foi uma joagada política e no tabuleiro", acrescentou, referindo-se à justificação que Portas deu este sábado sobre a demissão anunciada em Julho. Foi uma decisão "de último recurso", afirmou o vice-primeiro-ministro, e que serviu para equilibrar o sector económico e financeiro dentro da coligação PSD/CDS. 

Anacoreta Correia não dá certezas sobre se vai levar a sua moção a votos ou sobre se avançará para uma candidatura à liderança do partido, disputando-a com Paulo Portas. As moções de estratégia globais ao Congresso do CDS vão ser votadas por voto secreto entre a meia-noite de hoje e a 01h00 de domingo, segundo uma proposta do presidente da mesa do Congresso.

Luís Queiró justificou a proposta por os primeiros subscritores das moções terem o direito de apresentar candidaturas à liderança do partido. 


 
 

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