3D só concorre às eleições europeias em "convergência"

Manifesto 3D vai propor reuniões ao BE, LIVRE e Renovação Comunista durante a próxima semana. O objectivo é uma candidatura convergente ao Parlamento Europeu.

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Ricardo Paes Mamede à direita de Daniel Oliveira aquando da apresentação do Manifesto 3D, em Lisboa Miguel Manso

É certo que o Manifesto 3D não irá concorrer sozinho às eleições europeias marcadas para 25 de Maio. Não havendo a possibilidade de listas de cidadãos independentes ao Parlamento Europeu, os promotores não excluem fundar um partido, mas para concorrer em "coligação".

Ao PÚBLICO, o economista Ricardo Paes Mamede, um dos promotores do movimento, explicou que a convergência é a génese do Manifesto 3D. Em relação à forma jurídica que poderá assumir, Paes Mamede foi peremptório: "Não excluímos posição nenhuma sobre o assunto. Mas uma coisa é clara, o 3D não se apresentará sozinho, mas sempre em convergência, às eleições europeias".

Sem querer adiantar o conteúdo da reunião que teve lugar esta sexta-feira entre os promotores do movimento, que integra, entre outros, o ex-secretário-geral da CGTP Carvalho da Silva, o ex-bloquista Daniel Oliveira ou o economista José Reis, Paes Mamede disse que foram discutidas metodologias de trabalho e que deverão ser marcadas reuniões com as direcções do BE, LIVRE e a Renovação Comunista já na próxima semana. Até ao final deste mês ficará claro o desfecho da convergência que é exequível até às europeias, até porque o calendário é apertado.

"Estamos numa corrida contra o tempo", diz o economista, que lembra que até ao início de Abril têm que estar "formalizadas coligações e partidos, se for essa a solução". Mas a maior dificuldade que se adivinha não é essa: "Temos um partido que tem 14 anos e que preza a sua identidade [BE] e outro que está a afirmar-se e que quer assumir a sua identidade [LIVRE]. Creio que é aqui que estão as maiores dificuldades", disse Paes Mamede. 

Sobre o processo de diálogo em curso proposto pelo Manifesto 3D, o dirigente do BE José Manuel Pureza admitiu ao PÚBLICO alguma reserva justamente sobre o “método de trabalho”.

“O processo de conversas está em aberto e penso que devia ser seguido com muita discrição, cautela e sem demasiada exposição pública. Foi assim no nascimento do Bloco. Mas toda essa conjugação de forças à esquerda é extraordinariamente bem-vinda e é muito importante”, diz o dirigente bloquista.

Ainda sem notificação para um encontro, certo é que na agenda bloquista para essa futura reunião há duas questões que estarão em cima da mesa: “Convergência à volta de quê em concreto e com que modelo”. O BE distancia-se, no entanto, da corrente de opinião que está na disposição de “desculpabilizar” o PS por estar “encostado à direita”.

Para Pureza, atribuir a responsabilidade da construção de uma alternativa apenas à esquerda do PS “distorce a realidade”. E dá os exemplos da aprovação do pacto orçamental ou das alterações ao Código do Trabalho, reforçando que nunca uma iniciativa do PS à esquerda deixou de ver a luz do dia por não ter o apoio de partidos como o BE e o PCP.
 
 
 

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