Satélite europeu Gaia já chegou ao destino

Aparelho está em órbita estável. Durante cinco anos, vai medir a posição de mil milhões de estrelas da Via Láctea.

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Ilustração do satélite Gaia, cuja missão irá durar cinco anos ESA

O satélite Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês) entrou na órbita correcta após uma manobra complexa, anunciou a ESA, nesta quarta-feira. Nos próximos quatro meses, os instrumentos do aparelho irão ser calibrados. Depois, o satélite começará a medir a posição de mil milhões de estrelas da Via Láctea, o que vai permitir criar um mapa tridimensional da nossa galáxia com uma precisão sem precedentes.

O Gaia, que custou 740 milhões de euros, saiu da Terra a 19 de Dezembro, descolando da base espacial de Kourou, na Guiana Francesa, transportado por um foguetão Soiuz-Fregat. Durante os últimos 20 dias, o aparelho dirigiu-se para o ponto Lagrange 2 (L2).

Este ponto fica a 1,5 milhões de quilómetros da Terra, entre o nosso planeta e Marte. Devido à força de gravidade existente entre o Sol e a Terra, um satélite situado na órbita do ponto L2 fica “preso” em relação à posição da Terra. Por isso, acompanha continuamente a órbita do nosso planeta à volta do Sol, enquanto fica mais ou menos tapado da luz solar graças à sombra da Terra.

“Entrar na órbita à volta de L2 é um esforço bastante complexo, que é feito activando os propulsores do Gaia, de forma a empurrar a sonda na direcção desejada, ao mesmo tempo que se mantém o Sol longe dos delicados instrumentos científicos [do aparelho]”, explica David Milligan, director de operações do Gaia, num comunicado da ESA.

Só em Maio é que a sonda começará a fazer astrometria, medindo a posição de 1% das estrelas da nossa galáxia. Durante os cinco anos da missão, o aparelho irá realizar 70 medições de cada uma das mil milhões de estrelas observadas, com um erro de apenas 1%.

As medições da posição das galáxias distantes e de todo o Universo vão ser melhoradas com o mapa da Via Láctea que vai nascer desta missão. Os dados do aparelho também irão dar informações sobre a história da Via Láctea, a formação estelar e a existência da matéria escura.

No consórcio de 400 investigadores da missão está incluída uma equipa portuguesa de várias universidades do país, coordenada por André Moitinho de Almeida, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL). A equipa da FCUL esteve a trabalhar no desenvolvimento de um programa interactivo que facilitará o acesso ao futuro mapa tridimensional, cuja primeira versão está prevista para 2021.

 
 

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